Capixaba com 12mil hab. fica a 77km da capital do estado do Acre. A gestão municipal é responsável pela APS e sua rede de saúde é composta por: 02ESF, 04ESB, 02 academias da saúde, 03ESFR, 01CAPS, 01NASF. Não conta com unidade de média complexidade em seu território. Para isso os pacientes são referenciados para os municípios de Senador Guiomard e Rio Branco. O primeiro caso de COVID19 no estado do Acre ocorreu em 17/03. Desde então, foi definida uma unidade sentinela para atendimento dos casos suspeitos de síndrome gripal bem como a realização do monitoramento dos casos confirmados e seus contatos. Em 08/05 foi confirmado o primeiro caso positivo no município e no espaço curto de 2 semanas ocorreram 2 óbitos, além do aumento substancial de casos positivos. A coordenação de APS local, percebendo a pouca eficácia na centralização da assistência e do monitoramento retratada no aumento acelerado de casos e óbitos, em articulação com a gestão municipal e com demais profissionais, adotou uma nova estratégia. No dia 18/05 iniciou as atividades a Equipe de Monitoramento Municipal da COVID19 composta por 03 técnicos da vigilância, 01 médico, 01 odontólogo, 01 enfermeiro, 01 assistente social e 01 gestora em saúde coletiva. A unidade sentinela continuou como referência local para o suporte assistencial (realização de exames, consultas médicas presenciais) juntamente com as demais ESF, porém o monitoramento intensivo passou a ser realizado por esta equipe.
- Implantar equipe de monitoramento dos pacientes positivos de covid19 e seus contatos - Reduzir a transmissão de covid19 no município - Reduzir os óbitos por covid19 no município - Reduzir o agravamento dos casos e com isso a necessidade de internação em leitos clínicos ou de UTI no município de referência - Identificação precoce de agravamento dos casos clínicos e com isso encaminhar para internação clínica em tempo oportuno evitando uma possível internação em leitos de UTI - Promover humanização durante o tratamento reduzindo o sentimento de solidão nos pacientes imposto pelo isolamento - Aumentar a adesão ao tratamento completo nos pacientes residentes na zona rural.
Após a confirmação do primeiro caso de COVID19 no município, a demanda por informações e por assistência, cresceu substancialmente na unidade de saúde sentinela. Os esforços foram concentrados nas demandas assistenciais em detrimento do monitoramento do cumprimento do período de isolamento pelos casos positivos bem como de seus contatos. Além de não conseguir absorver a demanda de pacientes suspeitos e casos leves. Credita-se a isso o crescimento acelerado para um município com apenas 12mil habitantes. A equipe de monitoramento passou a realizar todas as atividades relacionadas à vigilância: detecção precoce, monitoramento dos resultados dos exames junto ao laboratório de referência acompanhamento à distância por telefone e whatsapp (a cada 24 ou 48h conforme a classificação de risco do caso), registro e acompanhamento de contatos, monitoramento dos sinais e sintomas, além de encaminhamento para atendimento pelas ESFs ou pela equipe sentinela conforme um fluxo construído pela própria equipe. Diariamente é feita uma divisão dos casos entre os profissionais da equipe onde cada profissional fica responsável pelo monitoramento daquele paciente até o seu encerramento, seja por alta ou óbito. Todos os casos suspeitos ou confirmados eram e são acompanhados e ao menor sinal de agravamento do quadro clínico, as ESF e/ou unidade sentinela são acionadas ou para realização de visita domiciliar ou encaminhamento do paciente até a unidade.
Iniciamos a equipe com 11 casos confirmados, 56 suspeitos, 2 altas médicas, 1 óbito. Após um mês tínhamos 111 casos, 335 suspeitos, 65 altas médicas e 3 óbitos. No terceiro mês tínhamos 212 casos, 582 suspeitos, 159 altas e 8 óbitos. Atualmente temos 249 casos confirmados, 760 suspeitos, 234 altas médicas, totalizando 7 pacientes em isolamento e tratamento domiciliar e estacionamos em 8 óbitos. O monitoramento começou a ser realizado nos pacientes já confirmados, nos suspeitos e contactantes, para que o mesmo pudesse tirar duvidas, além da vigilância na gravidade dos sintomas. Após 7 dias de tratamento, se o paciente não reagia à medicação, independente do grupo prioritário, a equipe orientava para retorno imediato ao médico. Caso reagisse bem, o paciente se mantinha isolado, até receber alta médica na Unidade Sentinela, ou por telefone respeitando todos os critérios do fluxograma. A alta médica é realizada por contato telefônico ou visita de um membro da equipe na residência para evitar o deslocamento e aglomeração de pacientes na Unidade Sentinela, priorizando a assistência aos casos de maior gravidade. Estes sempre estiveram sujeitos a serem encaminhados para o munícipio de referência. A visita de monitoramento ou busca ativa é realizada quando um membro da equipe fica mais de 5 dias sem notícias do seu monitorado, quando o paciente se nega em retornar ao médico para nova avaliação ou de acordo com a gravidade e necessidade do paciente.
A integração entre APS e VS é uma necessidade e quando acontece demonstra a efetividade do SUS, considerando que para planejar ações eficazes necessita-se de informações epidemiológicas e sanitárias. Essa integração encontra obstáculos sendo um dos principais a sobrecarga de atendimento assistencial vivida pelos profissionais de saúde da linha de frente, principalmente no início da pandemia do COVID19 percebida no município de Capixaba. Entendemos que a decisão de transferir para uma equipe específica a atribuição de “vigiar” os casos suspeitos, positivos e seus contatos, tomada pela coordenação municipal da APS em conjunto com a gestão e a equipe de vigilância, e esta equipe atuar de forma integrada com as equipes da assistência (ESFs/unidade sentinela), fez total diferença nos resultados que hoje acompanhamos no município, possibilitando que as atividades de rotina da APS fossem retomadas. Existe um ditado popular que diz que quando todo mundo faz tudo, ninguém faz nada. No município de Capixaba podemos afirmar que a equipe de monitoramento de COVID19 atua como um maestro, orquestrando ações de todos os membros de todas as equipes e com isso reduzem a complexidade dos casos bem como controlam a velocidade do contágio do COVID19.
Monitoramento Atenção Primária em Saúde Vigilância em Saúde Integração