O NAAT DSPL tem por finalidade promover a saúde individual e coletiva dos trabalhadores. Entre suas atribuições destacamos: identificar e acolher profissionais em situação de estresse e/ou adoecimento psíquico realizar escuta e ofertar acompanhamento psicológico, nutricional, fisioterápico, médico e/ou com professor de educação física (on-line ou presencial se necessário) ofertar Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) favorecer a construção de ambientes de trabalho saudáveis.

O NAAT DSPL localiza-se na UBS Novo Marotinho e seu processo de trabalho é preferencialmente remoto. Sua equipe atualmente é composta por 16 profissionais: três psicólogos, uma médica, uma assistente social, três nutricionistas, duas fisioterapeutas, dois professores de educação física, uma enfermeira e três profissionais de PICS que oferecem terapia floral, reiki, meditação guiada e orientação para a automassagem. Além de atendimentos individuais, são realizadas reuniões técnicas semanais e ocasionalmente reuniões com gerentes de unidades. A divulgação dos serviços oferecidos realiza-se através da sensibilização dos gerentes e demais trabalhadores para que compartilhem o card e o link do questionário online “Meu estado mental durante a pandemia de COVID-19”. O Cartão Babel de Saúde Mental na Atenção Básica, a Escala de Estresse Percebido e o Inventário de Burnout de Maslach foram tomados como referência para a construção deste questionário, que objetiva rastrear adoecimento psíquico. O instrumento fornece um feedback imediato do nível de estresse, ansiedade, estado de humor e risco de suicídio e sugere estratégias de cuidado. Trabalhadores que ao responder o questionário referem sofrimento emocional alto ou extremo e/ou sinais de adoecimento mental são contatados para acolhimento. Também são acolhidos profissionais que buscam o NAAT por demanda espontânea ou foram expostos à COVID-19. Após o acolhimento, o trabalhador pode ser encaminhado para acompanhamento.

Entre 28 de maio e 24 de julho, 219 trabalhadores responderam ao questionário, ou seja, 32% dos trabalhadores do DSPL foram avaliados por meio do instrumento de triagem e obtiveram automaticamente um retorno desta avaliação. Observou-se que 65% dos respondentes afirmaram que o trabalho tem gerado tensão ou estresse e as principais sugestões relacionadas ao cotidiano de trabalho foram melhoria da higienização das unidades e fornecimento de EPIs adequados. Merece destaque o fato que 48% dos respondentes indicaram sinais de adoecimento e que 13 trabalhadores afirmaram pensar em fazer mal a si mesmo ou que seria melhor estar morto. De modo geral, a experiência de responder ao questionário foi avaliada como boa, confortável, esclarecedora e promotora de autopercepção. Até o presente momento, foram acolhidos 73 profissionais (67 mulheres e 6 homens) e destes 69 encontram-se em acompanhamento. Já foram prestados mais de 300 atendimentos. O trabalhador acompanhado possui um projeto terapêutico singular e um técnico de referência que realiza a coordenação do cuidado. O CAPS II Pau da Lima foi a unidade com maior porcentagem de adesão ao questionário (83%) e maior índice de adoecimento (46%). Por este motivo, o CAPS foi escolhido para intervenção institucional. Desse modo, foi agendada reunião com o gerente e a coordenadora técnica da unidade para mapeamento dos desafios da gestão de recursos humanos, o que inclui a avaliação do clima organizacional e do estilo de gerenciamento.

A adesão de 32% dos trabalhadores ao instrumento de rastreio pode ser considerada alta. Houve assim um importante avanço na identificação de profissionais com sinais de adoecimento subjetivo. Chama a atenção o alto índice de adoecimento identificado, quase metade dos respondentes (48%). Contudo, o fato de 73 trabalhadores serem acolhidos em um período de dois meses pode ser considerado uma resposta relativamente rápida às necessidades identificadas. A oferta de assistência multidisciplinar não centrada no saber médico e/ou psicológico é compatível com a integralidade do cuidado, uma das diretrizes para a organização do SUS. As sugestões dos trabalhadores foram encaminhadas para a coordenação do Distrito Sanitário. Ademais, o número reduzido de profissionais acolhidos do sexo masculino nos levou a perceber a necessidade de desenvolvimento de ações que considerem o marcador social gênero. Atualmente, esforços são empreendidos para a qualificação das ações individuais de assistência e planejamento de intervenções que visem à construção de ambientes de trabalho saudáveis. Esta experiência representa um importante avanço no cuidado à saúde mental do trabalhador no DSPL.

Saúde do Trabalhador, Saúde Mental, Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, Consulta Remota, COVID-19.