O Disk vigilância surgiu como estratégia de coordenação do cuidado a pacientes, foi instituído como uma das principais estratégias de prevenção e controle à Covid-19. Assim, a Secretaria Municipal de Saúde de Rurópolis, através da Vigilância e Atenção Primária em Saúde implantaram o atendimento remoto por meio dos canais de comunicação em mídias sociais, tendo como PRINCIPAL porta de entrada o Disk Vigilância. Há 3 formas de comunicação: O atendimento via Software Polichat ®, onde há o atendimento simultâneo por equipe multiprofissional, através de um link direto com o número de Whatsapp® da central de monitoramento, podendo ser acessado por todos os profissionais, reduzindo assim o tempo de espera dos pacientes. A segunda forma é através do celular do DISK VIGILÂNCIA através de ligações diretas e aplicativo Whatsapp ® e a terceira forma é através do celular exclusivo para atendimento de pacientes confirmados com COVID – 19. No primeiro contato os usuários são questionados através de um inquérito epidemiológico, que permite a classificação de gravidade de caso, e determina o intinerário terapêutico a ser percorrido. O número fica franqueado para que por meio deste canal seja realizado o cuidado remoto diário bem como a regulação da assistência ao paciente: agendamento de consultas médicas, assistência farmacêutica, exames laboratoriais e testagem diagnóstica, exames de imagens, atendimentos de urgência e emergência
Inicialmente, o Disk Vigilancia objetivava sanar dúvidas da população acerca da COVID 19, apurar denúncias de descumprimento aos Decretos e rastreamento dos cidadãos que se deslocavam a outras cidades e até países ou mesmo daqueles que retornavam em busca de “território seguro”. Após o surgimento dos primeiros casos suspeitos e confirmados, o Disk Vigilância assumiu seu principal papel de coordenador do cuidado aos usuários, permitindo o ordenamento do fluxo dos pacientes, minimizando a dispersão destes na rede de atenção, diminuindo os riscos de contaminação de outros usuários e profissionais de saúde, bem como o impacto da pandemia no município. Promovendo assim a diminuição no tempo de espera em busca de informações, atendimento médico, cuidados em enfermagem e atenção farmacêutica, além de ofertar informações seguras e corretas sobre a nova patologia em questão, agregando assim êxito ao combate a pandemia.
Há duas equipes de monitoramento com escala de trabalho abrangendo os sete dias da semana, em regime de horário incluindo o intervalo entre 07h:00 às 22h:00, com atendimento nos canais de comunicação disponibilizados: Whatsapp®, telefonia móvel e Polichat®. As equipes são divididas entre dois nichos distintos de atendimento. Um grupo de trabalho é direcionado ao atendimento a pacientes suspeitos e outro grupo é dirigido a pacientes diagnosticados para a COVID-19. Ambos atendimentos possuem protocolos seguidos com pró-eficiência, pela equipe multiprofissional de 16 servidores, divididos em turnos matutino e vespertino, sobreaviso noturno até às 22h:00 e em escala de plantão rotativo aos finais de semana. Durante o atendimento, realizado de forma remota utilizando as mídias, os cuidados profiláticos, informativos, exames por imagem, eletrocardiograma, translado em ambulância, agendamento de consultas, exames laboratoriais e testagem, são instruídos aos usuários suspeitos e confirmados em todos os dias, através da equipe de monitoramento do CIP-COVID. O acompanhamento segue desde o momento da abertura do prontuário até alta médica. Um elo de interseção firmado durante o processo de comunicação com os moradores da zona rural, estabeleceu-se através dos Agentes comunitários de saúde a fim de que as comunidades mais longinquas, onde não há conexão a rede de internet esses usuários do sistema de saúde pudessem usufruir da atenção ofertada a rede de acompanhamento dos pacientes.
O resultado mostra 2229 pacientes monitorados até a data de 23 de julho. Destes, 666 foram testados reagentes à COVID – 19 totalizando 29,87% do números de pessoas já atendidas com sintomas referentes a nova patologia. A taxa de recuperados é de 85% , restando ainda 92 pacientes ativos no município, correspondendo a uma demanda de 15%. Dos 666 pacientes reagentes, nenhum deles informou ter tido como fonte de infecção unidades de saúde do município de Rurópolis, obtendo uma taxa de prevalência de 0%. A amostra de 0,3% informou fonte de infecção em ambiente hospitalar, entretanto, a contaminação aconteceu em outro município. Do quadro de 400 servidores da saúde 41 desses reagiu ao teste diagnóstico para Covid-19, com um total de 10,25% dos servidores sendo reagentes. Somente 4,87% foram contaminados no ambiente de trabalho. A taxa de incidência para cada 1000 habitantes apresentou o resultado de 13,17%. A proporção de casos contaminados em relação a população geral é de 1,32%. A taxa de letalidade é de 0,90% entretanto somente 0,45% foram óbitos acontecidos no município, 0,22% tiveram fonte de infecção no município de Rurópolis, porém, o óbito ocorreu no município de referência, os demais 0,22% foram óbitos com fonte de infecção e óbitos em outras localidades. No pico máximo apresentou taxa de ocupação hospitalar de 33,3 %. Dentre as vinte cidades que correspondem a região do Baixo Amazonas e Tapajós, Rurópolis ocupa a 9º posição, em número de casos referentes a pandemia.
Até a data de 23 de julho de 2020, esta linha de cuidado estabeleceu 4.273 conexões entre profissionais de saúde e usuários, com mais 16 mil trocas de mensagens através de conversação iniciadas ao longo de todo funcionamento da central de monitoramento, seja pelo Polichat® ou pelo Whatsapp®. Conclui-se com a formalização da estratégia de cuidados ao paciente suspeito ou confirmado á Covid -19 , mostrou-se eficaz com baixos índices de prevalência de profissionais e ausência de usuários infectados no ambiente hospitalar/ambulatorial. Conseguiu-se conter o avanço da Covid - 19 no município, mantendo baixos índices de incidência e de mortalidade da doença na população local, sendo esta última, a segunda menor taxa da região, interferindo positivamente para um baixo índice de casos graves, resultando em uma baixa taxa de ocupação dos leitos hospitalares, evitando o colapso do sistema de saúde municipal. Para além dos dados quantitativos, percebeu-se que houve a conexão entre os usuários e a equipe, promovendo um vínculo, que embora a maior parte do atendimento fosse de forma remota, foi capaz de construir elos, evidenciados por relatos positivos, que humanizaram a nova forma de cuidado.
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