Na rede de atendimento às urgências e emergências de Belo Horizonte, há nove Unidades de Pronto Atendimento (UPA), locais habilitados para a assistência de usuários em situações agudas de saúde. Elas são constituídas de recursos materiais, tecnológicos, humanos e de infraestrutura diferenciadas entre si e fazem parte de um processo contínuo de acolhimento, intervenção, estabilização e referenciamento dos usuários para quaisquer pontos da rede objetivando a continuidade e integralidade do cuidado. Para a organização atual do atendimento, é primordial a avaliação e adequação da estrutura operacional e assistencial a fim de equilibrar a oferta de serviços frente à demanda crescente por procura dos usuários na pandemia do COVID 19. Sobretudo daqueles críticos que utilizam dos recursos da sala vermelha, local onde dá entrada e permanecem os pacientes graves que necssitam de cuidados intensivos. As análises do cenário das UPA’s foram feitas através de um observatório, aplicando ferramentas Lean: Kanban e Plano de Capacidade Plena, que trazem correlação entre a organização de recursos disponíveis, padronização de atividades e planos de ações, ajustes de demanda e capacidade operacional, com a cobertura integral do atendimento à população, mantendo como o foco a garantia assistencial.
Aumentar a eficiência das unidades de Pronto Atendimento de Belo Horizonte, frente à pandemia do COVID 19, com ampliação do acesso de qualidade, tempo hábil, excelência assistencial e otimização de recursos. • Implantar sistema de sinalização visual para a identificação de alertas de superlotação e consumo de recursos críticos (respiradores) nas salas vermelhas – Kanban sala vermelha • Garantir a integralidade do cuidado assistencial por meio da potencialização do trabalho em rede com comunicação efetiva com todos os níveis gerenciais e em tempo hábil • Desenvolver o Plano de Capacidade Plena para garantir a gestão frente às situações críticas • Maximizar a capacidade operacional nas Unidades de pronto Atendimento a fim de garantir a qualidade assistencial • Conceder autonomia aos gestores na melhor tomada de decisão por meio de indicadores e instrumentos de apoio gerencial.
O Lean nas UPA’s organiza os processos assistenciais permitindo ao gestor avaliar a sua capacidade de resposta e adequar-se frente às demandas urgentes e emergentes, com racionalização de recursos para o enfrentamento à Pandemia do Covid 19. Foi construído um formulário para sinalizar a criticidade das salas vermelhas das nove Unidades de urgência, a fim de monitorar os recursos disponíveis em tempo real nas mesmas. Trata-se de um diagnóstico rápido e simples, focado na sala de emergência, e avalia a taxa de utilização de leitos e respiradores com alertas de risco. Tal ferramenta, Kanban, significa registro ou sinal visível, controla com uma gestão rápida e de fácil interpretação, os estados de superlotação ou uso de respiradores. Aponta as legendas de normalidade, urgente, ou calamidade, possibilita a qualificação do gerenciamento do cuidado, sinaliza a cada duas horas, as situações das nove unidades. O Kanban da sala vermelha e a sua interpretação, resultou no Plano de Capacidade Plena para as UPA’s. O Plano de Capacidade Plena, desenvolvido nas UPA’s, consiste em um processo utilizado no gerenciamento das atividades com programação e controle pré-estabelecido, contendo ações de equipe bem definidas em prol do objetivo final: garantia do atendimento de qualidade ao paciente crítico. Essa ferramenta auxilia na tomada de decisão em situações em que a demanda é maior que a capacidade instalada da unidade de urgência e emergência.
Avaliar dados de atendimento nas UPA’s de Belo Horizonte, permitiu criar estratégias para melhoria contínua da assistência em meio à pandemia do COVID 19. A análise diária dos boletins de volumetria nas UPA’s e kanban permitiram organizar o atendimento aos usuários em situações agudas que procuraram por atendimento. Foram criados 03 centros de atendimento ao Covid 19 (CECOVID): o primeiro inaugurado na UPA Centro Sul no dia 03/03/20, com 7.312 atendimentos (03/03/20 – 21/07/20), no dia 25/03/20 o segundo implantado na UPA Venda Nova com 3.289 atendimentos até 21/07/20 e o terceiro na UPA Barreiro, com 398 atendimentos do período de 16/07/20 – 21/07/20. Criação de centro semi-intensivo dedicado à retaguarda das unidades pré-hospitalares fixas e móveis, com doze leitos com suporte ventilatório e de monitorização em 02/07/20. Instituída a separação dos fluxos de atendimento aos pacientes com queixas respiratórias dos demais, proporcionando a segurança assistencial e do trabalhador, frente à Pandemia. A análise diária do painel de atendimentos, volumetria e perfis de gravidade nas UPA’s, permitiram adequar recursos físicos, equipamentos, materiais e humanos à demanda crescente de usuários, sem desperdício, atendendo toda a procura. Paralelo à crescente procura pelos serviços de saúde ampliou-se o acesso e garantiu-se a assistência a 100% dos usuários da rede SUS-BH, dobrando a capacidade de atendimento dos pacientes com risco crítico à saúde que necessitam de suporte ventilató
Considerando o cenário da Pandemia Covid19, a Gerência de Urgência e Emergência da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, se instrumentalizou para a identificação precoce de um possível colapso da rede de saúde, a partir do aumento da demanda e da complexidade dessa. A superlotação se faz devido ao aumento da procura nas UPA’s, sendo um indicador sensível para análise do funcionamento da rede de assistência à saúde. A ferramenta proposta para medir as taxas de superlotação dos leitos da sala de emergência e de intubação das nove UPA’s, permitiu executar um plano de ação em rede com a integração de ações em prol da garantia da assistência a todos os pacientes que buscassem atendimento. A criação de um formulário em plataforma digital gratuita com preenchimento em tempo recorde permitiu aos gestores a tomada de decisão eficiente e acionamento do plano de capacidade plena. O monitoramento dos recursos críticos das unidades oferece aos gestores informações em tempo real da situação das UPAS e potencializa a tomada de decisão e o manejo da crise. Outras propostas têm sido construídas e realizadas na rede de urgência e emergência oferecendo aos usuários do SUS Belo Horizonte uma assistência integral e de qualidade.
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