Anápolis é uma cidade de médio porte, situada a poucos quilômetros da capital do estado que adotou como uma medidas para a rede de atenção à saúde a definição de unidades de referência para o atendimento ao novo SARS-COVID 19, denominadas Unidades de Referência Coronavírus (URC’S). Foram selecionadas cinco unidades de estratégia de saúde da família, a partir de alguns critérios como: localização geográfica, capacidade de resposta, presença da Residência médica e horário extendido de atendimento. Um serviço de tecnologia da informação, foi disponibilizado a população para sanarem dúvidas e solicitar atendimentos, através de um algoritmo pré estabelecido os casos eram definidos como suspeitos recebiam orientações de permanecer em casa, os de sintomatologia leve e os de grupo de risco e/ou com sinais e sintomas de exacerbação dos mesmos, eram selecionados para receber visita domiciliar, realizada pela equipe de URC. O contexto da pandemia necessitava de medidas de biossegurança para estes profissionais que fossem eficazes, de linguagem única e com a possibilidade da manutenção financeira pela gestão. Determinou-se então que o protocolo de biossegurança das visitas seria realizado através de um processo de educação permanente, realizada pelo setor de epidemiologia em parceira com uma instituição de ensino superior da cidade.
1. Implementar protocolo de biossegurança para visitas domiciliares na atenção primária. 2. Desenvolver habilidades nos profissionais da atenção básica para práticas seguras no cuidado em saúde. 3. Ofertar espaço de diálogo e aprendizado na saúde a partir da construção de competências. 4. Fomentar a manutenção dos vínculos ensino serviço e comunidade no momento pandêmico.
A metodologia utilizada foi a simulação realística a partir do estabelecimento de EPAS( entrustable professional actividies), mínimas que deveriam ser ressaltadas e ampliadas para a prática do cuidado em saúde. O profissional deveria não só ser treinado dentro de um protocolo pensado no cuidado em saúde com a população mas também na manutenção de sua própria saúde, utilizando os equipamentos de proteção individual de maneira adequada e seguindo rigoroso processo de assepsia de objetos e espaços. O grupo de trabalho composto por duas professoras universitárias, três servidores públicos e dezesseis alunos do internato de medicina, elaboram um ambiente realístico de visita domiciliar que englobava desde a saída da unidade de saúde até a casa do paciente, que contava com um paciente ator. Foram desenvolvidos como materiais didáticos: um manual, denominado card que descrevia de maneira minuciosa as etapas de biossegurança e quais barreiras para minimizar riscos deveriam ser aplicadas um checklist, que era utilizado na checagem do treinamento e uma página em mídia site (Instagram) com vídeos, denominada @projetoeuseguro.Os profissionais foram selecionados em grupos de no máximo 10, no primeiro momento realizavam as etapas das visitas somente com os conhecimentos prévios adquiridos no contato com os vídeos e o card, então sofriam uma avaliação com o checklist, percebiam suas fragilidades e realizavam novamente o circuito e ao final era realizado uma devolutiva comparativa.
Muitos foram o benéficos deste treinamento, o primeiro foi o investimento da gestão em equipamentos em quantidade e número suficientes. A adequação do treinamento em horário de serviço minimizou o absenteísmo de 110 profissionais a serem treinados, somente seis não compareceram. Os afastamentos de profissionais das Unidades de Saúde com sinais e sintomas do SARS-Covid-19, até o presente momento foram baixos em um universo de 104 profissionais treinados. Na devolutiva comparativa entre o primeiro checklist da simulação da visita e o segundo, os relatos dos profissionais descreviam que as competências necessárias ao cuidado em saúde foram desenvolvidas ou ampliadas, como por exemplo: a habilidade de comunicação, relacionada as instruções de biossegurança repassadas ao paciente e entre os colegas colaboração interprofissional e relações interpessoais, quando a divisão de tarefas para a realização da visita tornava os profissionais co-dependentes na manutenção das barreiras de biossegurança o conhecimento para a prática, descrita por eles como a capacidade de realizar todas as atividades de maneira sequencial e com clareza e o aprendizado e ou aperfeiçoamento na prática este pode ser considerado o relato mais valoroso, uma vez que todos os profissionais treinados afirmaram que conseguiram absorver melhor por ter sido uma atividade simulada.
O investimento em educação permanente nem sempre é fácil para o gestor, vários são os caminhos dessa dificuldade : a ausência no campo de trabalho, o baixo rendimento após um grande investimento, podem ser apontadas como algumas dessas dificuldades. Este trabalho trás com seus resultados que práticas de educação permanente devem ser realizadas sempre com uma metodologia ativa que agregue bons resultados tanto para a gestão quanto para o profissional e principalmente para a população, sendo assim uma situação sinequanon é a de que ao se realizar devemos primar pelo quadrilátero da educação permanente. Quando são ofertadas com sentido, proporcionam engajamento profissional e a oportunidade da construção de habilidades e competências que devolvam a população uma atenção e cuidado de excelência.
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