O novo Coronavírus (SARS-COV2) foi descoberto pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no final de 2019. O vírus pode causar infecções respiratórias graves, dentre outras complicações clínicas. Dados epidemiológicos apontam que as faixas etárias mais acometidas pelo Coronavírus estão entre 20 e 59 anos (Secretaria Municipal de Londrina, 2020), nas quais encontram-se a maior parte dos trabalhadores em geral. Considerando a necessidade de novas readequações das empresas e do setor trabalhista, principalmente em relação às práticas preventivas, a fim de evitar a contaminação e a disseminação do Coronavírus, em abril deste ano, a Secretaria Municipal de Saúde de Londrina estabeleceu parceria com alunos e professores do Curso de Fisioterapia e participantes do Projeto de Extensão UEL pela Vida da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Foi desenvolvido o projeto intitulado “Saúde do Trabalhador em Tempos de COVID-19: como se proteger e evitar a disseminação”, que consistiu em treinamentos realizados por meio de videoconferências para diferentes segmentos do trabalho.
Caracterizar através das respostas obtidas por questionário on-line, o perfil de trabalhadores do município de Londrina e região que participaram de treinamentos sobre medidas de prevenção do novo Coronavírus (SARS-COV2).
Após divulgação e esclarecimentos sobre o projeto às empresas e serviços, e orientações sobre o uso das ferramentas virtuais, foram realizados treinamentos por meio de videoconferências que duravam em média de 90 minutos. Os principais conteúdos selecionados foram sobre o Coronavírus (formas de transmissão e sintomas) a importância do distanciamento social, do uso adequado de máscaras e Equipamentos de Proteção Individual, higienização correta das mãos rede de serviços de saúde no município necessidade de higiene com os equipamentos no trabalho, no transporte público e ao chegar em casa limpeza e desinfecção, entre outros. As orientações foram específicas para cada seguimento profissional e local de trabalho. Os contatos com as empresas ocorreram através de busca ativa, além de parceria entre a atenção primária (UBS específicas para atendimento a pacientes sintomáticos respiratórios) e vigilância em saúde de forma que eles encaminhavam as empresas com trabalhadores com diagnóstico positivo e casos de empresas com surto. Além disso, criou-se um fluxo de encaminhamentos de denúncias realizadas no serviço de Disk Coronavírus da cidade (parceria ente Universidade estadual de Londrina e Secretaria Municipal de Saúde) por trabalhadores de empresas, prestadores de serviços e condomínios que não estavam cumprindo com as medidas de segurança no trabalho. Os dados foram digitados na planilha do Excel e analisadas as frequências relativa, absoluta e média pelo programa SPSS15.0.
Foram contatadas 217 empresas e 165 participaram do treinamento no período de 4 meses. Destas empresas, 140 (84,85%) foram por busca ativa pelos profissionais da equipe do projeto, 13 (8,12%) encaminhamentos da vigilância sanitária, 4 através do serviço Disk Coronavírus (2,5%) e 8 (5%) através dos sindicatos e associações. Foram realizadas 98 videoconferências, com treinamento de 673 multiplicadores, atingindo cerca de 6.867 trabalhadores. Destes multiplicadores, 118 (17,53%) responderam formulário online, sendo que 79,7% eram do sexo feminino, média de idade de 33,25±1,51 e 40,6% tinham ensino superior completo. Quando questionados sobre sentir-se preparado para lidar com a COVID-19 no trabalho, 62,7% se consideravam aptos, 13,7% não preparados e 23,7% responderam que talvez estariam preparados. Ao questioná-los sobre a frequência que se informam sobre a Covid-19, 61,9% responderam diariamente, 16,9% de 1 a duas vezes por semana, 14,4% de 3 a 4x na semana e 6,8% não souberam responder. Em relação às medidas de prevenção, 98,3% acreditam que medidas de prevenção de contágio tem algum efeito e informaram que as medidas mais utilizadas no dia a dia foram: 98,3% higienização das mãos frequentemente, 97,5% o distanciamento social, 77,1% o uso da etiqueta respiratória e 66,1% uso da máscara durante o trabalho. E 21,6% declaravam não usar equipamento de proteção individual adequado para sua função na empresa, e, 98,7% consideraram o treinamento importante.
Foi demonstrado que os multiplicadores das empresas que responderam o questionário online eram compostos em sua maioria por jovens, mulheres e com ensino superior completo, sendo que a maioria responderam que as medidas de prevenção tinham efeito positivo e consideravam o treinamento importante. Observou-se que mesmo com a divulgação nas mídias e parcerias, a maior parte dos treinamentos se deu por busca ativa dos profissionais e que um baixo número de pessoas responderam ao questionário. Além disso, quase um quarto dos trabalhadores relataram não usar EPIs adequados durante o exercício de sua função no ambiente de trabalho. No entanto, de acordo com os relatos dos participantes no questionário, os treinamentos tem proporcionado aos trabalhadores mais conhecimentos sobre a COVID-19 e as formas de prevenção da doença, possibilitando que essas orientações possam ser multiplicadas não só nos ambientes de trabalho, mas também em outros meios sociais como familiares e amigos. Além disso, contribuiu para fortalecer as ações da rede de saúde no combate ao Coronavírus, somando forças com os profissionais dos diferentes serviços e a população.
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