Em uma nova etapa do Projeto Mapeia Rondônia, no dia 03 de junho de 2020 iniciou nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) a realização da testagem em massa para a COVID-19, contando com duas etapas, totalizando em dezoito dias de ação, e os testados deveriam estar com sintomas persistentes por mais de sete dias. Com a pluralização de informações sobre uma possível imunidade, foi perceptível pelas equipes de saúde da UBS Hamilton Raulino Gondim, localizado na zona leste do município de Porto Velho, o anseio que a população se encontrava em buscar a realização da testagem, mesmo não se encaixando no pré-requisito, com uma perspectiva de ser mais forma de proteção para abraçar naquele momento. Com o distanciamento social como medida preventiva para atenuar a disseminação do vírus, e no meio de tantas incertezas, os profissionais da Atenção Primária de Saúde (APS) precisam diariamente adequar suas estratégias de trabalho, baseando-se em evidências, que se faz tão necessário mesmo no contexto da pandemia, como a educação em saúde. Diante disso foi acordado entre as equipes, a realização de uma aconselhamento em saúde, onde o usuário era acolhido, discutindo o histórico clínico e mensurando a necessidade do teste naquela ocasião, instruindo sobre o momento oportuno para realização da testagem e de medidas preventivas, bem como o manejo diante de um possível resultado positivo e suas interpretações.
Relatar a experiência de enfermeiras residentes em Saúde da Família e Comunidade na testagem rápida para o COVID-19. Expor a relevância da educação em saúde no contexto da pandemia da COVID-19.
Trata-se de um relato de experiência, vivenciado por enfermeiras vinculadas ao programa de Residencia Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) em parceria com Secretaria Municipal de Saúde de Porto Velho (SEMUSA). O que trazemos aqui é uma descrição sobre a significância da educação em saúde, frente a testagem rápida para a COVID-19, baseando-se em como Merhy (1997) qualifica os cuidados em saúde, ampliando o olhar da ação que a princípio se limitava as tecnologias duras e leves-duras, na realização de um procedimento técnico/diagnóstico dentro do campo do saber do profissional de saúde, e lançar mão das tecnologias leves do cuidado ao colocar o usuário como o principal ator nesse cenário, em papel de destaque para a prevenção e manejo da sua saúde. O ato de educar em saúde para um caminho integrador do cuidar, concebe um recinto de reflexão-ação, agregando em mudanças individuais, familiar e na comunidade. A construção desse processo é indispensável a inclusão de forma ativa da população, na percepção crítica da sua realidade e das estruturas socioeconômicas de acesso, lapidando o processo educativo em saúde (MACHADO et al., 2007).
Com a realização da educação em saúde, aconselhando os usuários que procuravam a testagem, foi perceptível a redução da procura pelo teste por partes daqueles que não estavam com pelo menos sete dias de sintomas ou encontravam-se assintomáticos, evitando que formasse grandes aglomerados na UBS. Além disso, possibilitou trabalhar com bases nos princípios do nosso Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente o da equidade que é tão necessário no contexto dessa pandemia, visto que é conhecido a impossibilidade da testar toda a população, devido à escassez de recursos. Também não podemos deixar de mencionar os possíveis falsos-negativos que podem surgir na realização da testagem antes dos sete dias de sintomas, podendo prejudicar diretamente as decisões da gestão nas medidas estabelecidas de controle da propagação do vírus. Tais benefícios só foi possível, devido o acolhimento que foi proporcionado ao usuário, e um aconselhamento em saúde de forma participativa, onde o mesmo exponha suas dúvidas, temores e angustias e o profissional de saúde esclarecia as demandas trazidas, compartilhando junto ao usuário as decisões de sua saúde e suas colaborações para o enfrentamento da pandemia.
Atualmente vivemos em tempos das informações facilitadas, todavia, no contexto da pandemia em que estamos, nem sempre essas informações soltas tem capacidade de ser compreendido pela população da forma que é pretendido, e junto a isso, ainda vivemos em meios de incertezas sobre o prognostico e os próximos passos em relação a pandemia da COVID-19. Diante disso, transformar momentos como esses, em momentos de encontros entre profissional e usuário, é extremamente crucial, possibilitando um esclarecimento sobre seu estado atual de saúde, as angustias com os possíveis diagnósticos, frente a IGm regente e/ou IGg reagente, e como o usuário deverá se porta a partir de tal diagnostico, assim colaborando no desenvolvimento de uma população consciente sobre a sua saúde e do coletivo. Saliento que outras demandas de saúde, principalmente as Doenças Cronicas não Transmissíveis (DCNT) e os acompanhamentos de pré-natal, continuaram sendo manejadas pela unidade, havendo uma adequação entre as equipes. Visto que, vale enfatizar a necessidade da Atenção Primária de Saúde, em continuar realizando seu papel mesmo em meios de desafios que trouxe a COVID-19.
Educação em saúde, aconselhamento, teste-rápido, covid-19.