O anúncio de uma pandemia pela OMS em 11/03/20 e casos confirmados no Brasil no mesmo mês, fez com que a população encarasse uma nova situação cotidiana e muitas dúvidas, instabilidades e inseguranças. Tanto a população que se deparou com a necessidade de se isolar socialmente quanto profissionais de serviços essenciais, como os da saúde, que se expõe e se reinventam para lidar com um inimigo invisivel, se deparam com as incertezas em relação ao futuro. Diante deste cenário, diversas mudanças no funcionamento da sociedade ocorreram: pessoas em quarentena, cidadãos preocupados, funcionários trabalhando em home office e outros na linha de frente, escolas, universidades e comércios fechados. E, nesta realidade, sentimentos de impotência e desesperança, ansiedade, humor deprimido e estresse podem ser frequentes, sendo necessário, para além da saúde física, dar atenção especial para a saúde mental, que em sitação de sofrimento, pode afetar o sistema imunológico do organismo. Por esta razão e considerando decretos e normativas referentes à necessidade do isolamento social, os atendimentos presenciais da equipe de Psicologia do Município de Guaratuba foram interrompidos. Porém, levando-se em consideração o contexto de estresse que esta situação proporciona, sentiu-se a necessidade de pensar em estratégia de novas formas de atuação na atenção à saúde mental, tanto para pacientes como para profissionais que estão na linha de frente do enfrentamento à pandemia.
- Nortear a ação dos psicólogos atuantes no âmbito das políticas públicas do Sistema Único de Saúde (SUS) neste momento de calamidade pública, definindo estratégias de atuação tanto para a população necessitada quanto para profissionais de saúde que atuam na linha de frente ao enfrentamento da pandemia.
Considerando o Plano Municipal de Contingência para Infecção Humana pelo Coronavirus, produzido pela Secretaria Municipal de Guaratuba, que prevê a atuação em 3 níveis de resposta sendo eles: Nível 1: Alerta Nível 2: Perigo Iminente e Nível 3: Emergência em Saúde Pública. No Nível 1 suspendeu-se os atendimentos presenciais, exceto em situações de emergência, o CAPS e o ambulatório de saúde mental iniciaram os acompanhamentos por telefone e vídeo conferência e foi implantado grupos de apoio emocional semanal em todos os serviços de saúde. No nível 2 os grupos presenciais para os funcionários passaram a ser realizados quinzenal e foi implantado o tele atendimento psicológico com uma linha telefônica aberta para a população. No nível 3 os grupos de apoio aos funcionários foram suspeitos, substituídos por apoio individual quando necessários, os atendimentos continuam sendo realizados remotamente, exceto para pacientes em crises ou em âmbito hospitalar e de pronto atendimento, neste local também foi implantado o projeto de visita virtual para melhor comunicação do paciente que esta internado. Pacientes monitorados e em isolamento que manifestam algum sintoma depressivo ou de ansiedade também é atendido por psicólogo para receber apoio e orientações, assim como familiares em processo de luto. A psicologia também participa de reuniões de coordenação, elaboração na confecção de materiais informativos e orientações em canais de comunicação.
Percebemos que com a implantação de um planejamento logo em fase inicial da pandemia, o profissional psicólogo sentiu maior segurança para implantar novas formas de atendimento e maior respaldo tanto teórico quanto prático no que diz respeito ao serviço público, pois mesmo seguindo diretrizes e decretos, o profissional pôde desempenhar o seu trabalho com autonomia, escolhendo a melhor modalidade de atendimento, considerando caso a caso e a complexidade da demanda. Assim, o serviço também pôde ser readaptado, com novas tecnologias e compreensão de todos que necessitavam dos atendimentos.
Situações de crise abalam de forma diferente as pessoas, sendo que algumas podem ter reações leves, enquanto outras podem ter reações mais severas, por isso, a necessidade de uma avaliação criteriosa respeitando a segurança, a dignidade e os direitos da pessoa atendida, através de uma comunicação adequada e percebendo quando é necessário uma atenção especial ou especializada. O estresse profissional, frente a um contexto de imprevisibilidade e possibilidade de adoecimento afetou os profissionais dos serviços essenciais, incluindo os profissionais psicólogos, necessitando estabelecer protocolos e planejamentos para melhor desempenhar o seu papel e desenvolver o seu trabalho com segurança, garantindo o apoio, o acompanhamento e o suporte para qualquer demanda que possa surgir.
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