Em 2020, até o dia 22 de agosto, Jaboatão dos Guararapes apresentava 2.488 casos confirmados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por COVID-19 e 4.957 casos leves, por COVID 19, dos quais 1.178 em profissionais de saúde, residentes do Jaboatão dos Guararapes. São 1.569 casos confirmados que estão recuperados e 803 óbitos. O município é 2º de Pernambuco em casos confirmados. O bairro de Candeias, onde está localizada a Unidade de Saúde da Família Santa Felicidade, registra 262 casos confirmados e responde pelo 2º lugar entre os bairros do município. Diante das evidências e do potencial de crescimento da COVID-19 na sua circunscrição, a USF Santa Felicidade implantou uma estrutura tecnológica que permitiu o monitoramento dos casos de síndrome gripal, por perfil de gravidade, com geolocalização, para aprimorar o acompanhamento do estado de saúde dos pacientes e informar a Secretaria Municipal de Saúde sobre eventual disseminação do vírus naquele território. No contexto dessa pandemia, a Atenção Primária à Saúde exerce papel fundamental no cuidado, a partir do conhecimento do território, do vínculo entre usuário e equipe de saúde, da integralidade da atenção e do monitoramento dos casos.
Implantar sistema informatizado de mapeamento digital e monitoramento de usuários suspeitos e confirmados da COVID 19, atendidos na USF Santa Felicidade, utilizando a plataforma Google Earth, classificando-os segundo níveis de gravidade da doença, acompanhando a evolução clínica e realizando testagem rápida para COVID 19 desses pacientes, gerando dados de distribuição dos casos no território e mapeamento do status imunológico da população adscrita.
A equipe de saúde da USF Santa Felicidade implantou uma ficha de atendimento dos pacientes sintomáticos respiratórios, conforme as orientações do Ministério da Saúde, com a avaliação geral da condição de saúde do paciente e classificação da gravidade do caso. Esses dados são inseridos em planilha, que norteará o monitoramento realizado via telefone por profissional da Unidade, sendo a cada 48h para a população em geral e a cada 24h para população de risco. Pacientes mais vulneráveis são acompanhados também de forma presencial. Todos os casos catalogados são distribuídos em mapa digital, segundo residência do paciente, utilizando a ferramenta Google Earth, diferenciando através de cores a gravidade e evolução dos casos. O que facilita a visualização da evolução da pandemia e implementação de intervenções de enfrentamento no território. Além disso, as informações desses pacientes são registradas em prontuário eletrônico para possibilitar a longitudinalidade e a coordenação do cuidado. Após 15 dias do início da sintomatologia, estando os pacientes de alta clínica (acompanhamento pela planilha), estes são convocados a comparecer à unidade para a testagem rápida.
A utilização do sistema informatizado de mapeamento e monitoramento espacial dos usuários com Síndrome Gripal possibilitou determinar a extensão da doença na área de abrangência da Unidade. Foram catalogados 110 pacientes suspeitos, havendo 108 recuperados e 2 casos críticos que foram a óbito (um confirmado para COVID-19 e outro descartado). Foram testados para COVID 62 pacientes, dos quais 27 foram casos confirmados. Os dados permitem aos gestores acompanhar a evolução da pandemia, apoiando a tomada de decisões estratégicas relativas ao combate ao Coronavírus. É possível acessar na planilha dados demográficos, como gênero, faixa etária, microárea e grupos de risco. A inclusão de toda a equipe nessa estratégia, do acolhimento do paciente até o monitoramento da situação de saúde por teleatendimento, possibilitou fortalecimento do vínculo e humanização da equipe, aperfeiçoando a abordagem e comunicação com o usuário, construindo um pacto de saúde entre equipe e usuário.
O avanço da pandemia nas comunidades, considerando que a maioria dos casos da COVID-19 será acompanhada pela Atenção Primária à Saúde, destaca a importância de garantir o seu monitoramento. A visualização espacial dos casos de síndrome gripal e da Covid-19 é uma metodologia que assume posição estratégica, por propiciar uma melhor compreensão do comportamento da doença no território, facilitando a intervenção oportuna nas microáreas onde a propagação da doença apresenta-se de forma elevada.
Geolocalização, COVID-19, Monitoramento