Em Teresina, a porta de entrada para pacientes com síndromes gripais / suspeita de Covid-19 é a Atenção Básica e existem 29 Unidades Básicas de Saúde (UBS) para o atendimento exclusivo desses casos. Em casos graves, a equipe da UBS aciona o SAMU, que transfere o paciente para uma unidade hospitalar dentro da rede. Se não for via UBS, o paciente em casos mais graves procura imediatamente uma unidade hospitalar (Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou um hospital). No entanto, mesmo sendo ofertado o suporte necessário, muitos pacientes acabam evoluindo para o óbito. A Covid-19 foi notificada no Brasil em fevereiro de 2020, e o primeiro óbito deu-se em 17 de março. Desde então, ela se disseminou rapidamente, resultando menos de dois meses depois em mais de nove mil óbitos registrados. Esses óbitos referem-se a pessoas que tiveram o diagnóstico confirmado por resultado positivo do teste de reação em cadeia da polimerase (PCR), para detectar o material genético de SARS-CoV-2 e estabelecer a presença do vírus O conhecimento sobre causas de óbito baseia-se na declaração de óbito (DO), documento internacional padrão que deve, no Brasil, ser sempre preenchido pelos médicos. Na DO, a(s) causa(s) de morte é(são) declarada(s) na Parte I (causa terminal, intervenientes e básica). Para fins de estatísticas de mortalidade, é selecionada a causa básica (CB), que deve ser a causa declarada na última linha do atestado médico, se a sequência de causas tiver sido preenchida corretamente.
Relatar a caracterização dos óbitos por Covid-19 ocorridos em uma Unidade de Pronto Atendimento de Teresina, Piauí.
Atualmente existem 03 UPA’s em atendimento com área específica voltada para Covid-19, com protocolos específicos de atuação e conduta dos casos. Na UPA do Renascença a área Covid foi implementada em março/2020 com adequação da área física e elaboração de protocolos e rotinas para o atendimento desse público específico e foi nesse ambiente que se deu o estudo dos óbitos por Covid-19. Após a implementação do serviço de atendimento Covid-19 na UPA do Renascença realizou-se o acompanhamento do fluxo das internações por suspeita de Covid-19, a realização dos Testes para diagnóstico final de Covid-19, a evolução dos casos e os casos de óbito atribuídos à Covid-19. Todo paciente ao ser admitido para a internação na UPA é realizado o teste rápido de antígeno e/ou anticorpo (conforme indicação), realizada medicação adequada, exames de avaliação/acompanhamento, monitoramento contínuo e encaminhamentos necessários. No entanto, mesmo com toda assistência de saúde prestada adequadamente alguns pacientes evoluíram para óbito ainda na Unidade, os quais foram objeto desse estudo para o entendimento da evolução da doença e visibilidade da assistência prestada. As informações utilizadas foram fornecidas pelo programa Gestor Saúde utilizado no serviço que faz a separação quantitativa dos atendimentos e as declarações de óbito arquivadas na Unidade. De posse desses dados foi realizada a análise estatística dos óbitos ocorridos.
O atendimento a paciente com Covid-19 começou na UPA em março/2020. Nas classificações de risco observou-se um aumento progressivo até junho (ponto máximo) e regredindo a partir daí. As internações por Covid-19 evoluíram da mesma forma (ápice em junho - 28,61%) e regressão posterior. Nas internações no setor Covid-19, pelo protocolo institucionalizado, era realizado teste rápido com positividade crescente (pico em julho - 23,13%), os óbitos por Covid-19 ocorreram um total de 11 entre os meses de junho (11,11%) e julho (7,7%). Ao relacionar os óbitos aos que testaram positivo para Covid-19 observou-se índice de mortalidade de 7,64% no consolidado de março a agosto (até o dia 17/08/20) ficando bem acima da mortalidade do estado (2,35%) os óbitos em relação às quantidades de internações no setor Covid-19 apresenta taxa de mortalidade de 1,14% no período. Em relação as CID’s presentes na DO observamos 39 no total (24 diferentes), sendo que apenas um paciente apresentou somente uma CID e dois apresentaram 6 CID’s diferentes. Entre as principais CID’s encontram-se: B34.2 (5x), V04 (5x), I10 (3x), J96.0 (3x), U07.1 (2x), J12.8 (2x) e R57.8 (2x). Na caracterização dos óbitos ocorreu média de idade de 73,82 anos (mínima 45 e máxima 92), com 54,6% dos óbitos acima de 81 anos, 72,7% do sexo masculino, 54,5% em junho. Em relação a primeira causa de óbito na DO observa-se que a CID J96.0 ocorreu em 3 pacientes, CID R57.1 em um, CID R57.8 em dois, CID V04.9 em cinco, conforme tabela 03.
Em relação as internações por Covid-19 o que encontramos na UPA condiz com o panorama nacional, com um crescente número de casos até o mês de junho e um começo de redução a partir daí. A mortalidade do serviço acima da média do Estado pode ser explicada em função de haver poucos leitos (05 na observação e 02 na estabilização) e alta rotatividade de pacientes, além do fato de tratar-se de um serviço de urgência e existirem casos de óbito com diagnóstico de Covid-19, porém associados a traumas por acidentes graves. No que diz respeito aos outros óbitos a maioria apresenta CID compatível com problemas respiratórios ou sistêmicos vasculares tais como: infecção por coronavírus de localização não especificada, insuficiência respiratória aguda, COVID -19 vírus identificado, outras pneumonias virais e hipertensão essencial (primária). Dessa forma observa-se que a UPA tem cumprido satisfatoriamente com seu papel no atendimento a pacientes com Covid-19, mesmo em situações de trauma, sendo importante a continuação da avaliação periódica dos dados para avaliação da assistência, traçar novas metas para o atendimento à população além de ser uma importante forma de comunicação em saúde e divulgação de dados para o meio científico e social.
Infecções por Coronavirus, Serviços Médicos de Emergência, Sistemas de Informação, Mortalidade Hospitalar.