Propiciar acolhimento e solidariedade aos pacientes em isolamento social por suspeita ou positivo para COVID-19, bem como orientar sobre as medidas de segurança e os cuidados adequados durante o isolamento.

A carta trata de uma estratégia psicossocial idealizada por uma psicóloga residente no município do núcleo de apoio a saúde da família em parceria com uma profissional do serviço social. Foi realizada apresentação da importância da “carta’ à equipe de saúde. Sendo acordado que o gerente da unidade ficava responsável em avisar sobre atualização de pacientes suspeitos e positivos para COVID-19, e que os agentes comunitários de saúde as entregariam na residencia. A carta tem um texto padrão de conteúdo: Senhor (a) _______________ receba com todo carinho esta carta. Toda a equipe do posto __________________ se solidariza, torce e manda boas energias para a boa recuperação da sua saúde. Sabemos que esse tempo de isolamento não é fácil, mas quando podemos contar com o apoio da família, amigos e inclusive da equipe de saúde esse tempo pode ser vivido de forma mais leve. E aqui, vão algumas dicas de como viver esse tempo em casa, cuide de si, reconecte com sua família, escute músicas que lhe faça bem e relaxe, sonhe, se organize, planeje, exercite os bons pensamentos. Destacamos a importância de se manter em isolamento social por 14 dias após o recebimento do resultado, mas ainda permanecer em casa mesmo após a melhora dos sintomas, como também manter as recomendações de higiene como lavagem das mãos com água e sabão ou álcool em gel. Agradecemos por confiar o seu cuidado em nossa equipe. E que você se sinta sempre cuidado e acolhido por nós.

A “carta do bem”, inicialmente, teve resistência por parte dos profissionais por ser algo novo e diferente, existindo, assim, um certo estranhamento pelas equipes de saúde, principalmente, com o processo de escrever a mão uma mensagem para o usuário. Tal atitude acredita-se que possa ser devido o olhar técnico focado estritamente ao processo saúde-doença já enraizado na saúde, e pouco explorado no âmbito das tecnologias leves. No entanto, os retornos dos usuários acerca do recebimento da “carta” foi bastante exitoso, de forma que equipe foi recebendo depoimentos positivos e mensagens de agradecimento dos pacientes que a receberam. Os usuários expressaram a sensação de serem cuidados e o sentimento de acolhimento, bem como abordaram o processo de confiança com a equipe, o que interfere de forma positiva para o processo de recuperação desses usuários, bem como de autorreconhecimento da própria equipe em torno do seu trabalho.

Diante do exposto, percebe-se que a carta tem como estratégia o exercício da humanização no serviço de saúde público, quando visa um processo de acolhimento e cuidado para além do equipamento de saúde. Tal ação versa prevenir, promover e fortalecer o cuidado em saúde mental dos usuários quando os mesmo passam por experiências de sofrimento psíquico frente a possibilidade do diagnóstico ou a confirmação, de forma que se sintam bem acolhidos e cuidado para além de um olhar biologicista da doença. No entanto, percebe-se a valorização da equipe com os usuários, bem como consigo mesmos e se reconhecendo como peça fundamental na evolução e bem-estar da saúde dos usuários, tal sensação mobilizou o processo de pertença e autoconfiança na equipe propiciando maior qualidade no atendimento e sensibilidade com estes.

COVID-19, Carta do Bem, Acolhimento.