A pandemia de COVID-19 é emergência de saúde pública global, que já causou infecção em mais de 24 milhões de pessoas no mundo, com mais de 827 mil óbitos desde dezembro de 2019. No Brasil já são mais de 3 milhões de casos confirmados e mais de 118 mil óbitos. Neste cenário pandêmico, a atenção primária à saúde-APS como porta de entrada preferencial do sistema único de saúde, necessitou reorganizar o serviço e os processos de trabalho para atender demandas de síndromes respiratórias e para garantir a segurança de usuários e de profissionais. Anteriormente à pandemia, o atendimento de portadores de doenças crônicas da área de abrangência de unidade básica de saúde em estudo pautava-se em consultas presenciais e reuniões coletivas. Assim, surgiu o desafio de reorganizar a assistência habitual, visto que descontinuar o cuidado pode resultar em complicações. A Nota Técnica N.º 2/2020 - SES/SAIS/COAPS/DESF/GESFAM de 17/06/2020 reorienta o atendimento no âmbito da APS e recomenda que os profissionais planejem teleconsultas aos pacientes acompanhados pelas equipes. A Resolução COFEN nº 634/2020 autoriza a teleconsulta como forma de enfrentamento à atual pandemia, mediante consultas, esclarecimentos, encaminhamentos e orientações com uso de tecnologia dura. Identificada a demanda e seguindo as presentes normatizações, implementou-se a intervenção buscando efetivar o atendimento e acompanhamento deste público para manter o vínculo entre profissionais de saúde e os usuários adscritos
Objetivos: Geral: - Reorganizar o acesso, o atendimento e o acompanhamento dos usuários na atenção básica a fim de garantir a continuidade da assistência. Específicos - Retomar o acompanhamento de participantes do grupo de hipertensos e/ou diabéticos Implementar o tele atendimento e tele monitoramento na unidade básica de saúde – UBS
Utilizado o método do Arco de Charles Maguerez. A partir da observação da realidade, percebeu-se os problemas mais relevantes e reconheceu-se a necessidade do acompanhamento de usuários com doenças crônicas, que afastaram-se da UBS devido a pandemia. Como ponto chave identificou-se a premência de acompanhá-los respeitando o distanciamento físico a fim de evitar novas infecções. Teorizou-se sobre as consequências da pandemia nos serviços de saúde, as medidas requeridas e várias normatizações: Resolução COFEN N° 634/2020, Portaria GM/MS n° 467/2020, Lei nº 7.498/ 86, Decreto Federal nº 94.406/87 e Resolução Cofen nº 568/2018. Formulou-se como hipóteses a teleconsulta, mecanismo que possibilita aos serviços de saúde manterem regularidade dos atendimentos de forma segura, minimizando o risco de transmissão do vírus. Na aplicação à realidade, os enfermeiros receberam um fluxograma para auxiliá-los na intervenção. Os pacientes foram organizados em planilhas, atualizadas a partir dos sistemas E-SUS AB e TRAKcare. Utilizou-se o telefone móvel da UBS para contato com os usuários, realizando os esclarecimentos e agendamento da videochamada via Whatsapp. Eles receberam uma figura com o passo a passo da teleconsulta e termo de consentimento. As informações e condutas, foram registradas no sistema E-SUS AB. Os receituários vencidos e resultados de exames pendentes foram enviados via remota para posteriores direcionamentos.As atividades ocorreram de 24/07/2020 a 28/08/2020.
A amostra totalizou 57 pacientes entre diabéticos e/ou hipertensos. No mês de agosto foram contactados 28 destes usuários, dos quais 16 não se obteviram sucesso, seja pela ausência do número de contato no cadastro (9) e números desatualizados. Comunicou-se com 12 usuários, sendo que 4 referiram acompanhamento pela rede pública ou privada, e 8 consentiram participar. A teleconsulta incluiu: anamnese, identificação dos fatores de risco e das demandas do usuário, assim como necessidades de saúde paralelas ao vínculo familiar. A partir das informações coletadas, foram traçados planos de cuidados individualizados, contemplando orientações de modificações de estilo de vida, renovação de receituários de medicamentos, interpretação de exames laboratoriais e de imagem, solicitação de exames e encaminhamentos para os demais pontos de atenção. Os pacientes atendidos sentiram-se à vontade para participarem da videochamada, respondiam com riqueza de detalhes e expulseram dúvidas durante o atendimento, fomentando o vínculo entre profissional e usuário. Com o avançar da implementação percebeu-se que as tele consultas são atividades assistenciais que podem ser realizadas e ampliadas a outras demandas. Por este motivo, realizou levantamento dos resultados de exames citopatológicos coletados em 2019 e 2020. Os dados foram organizados em planilhas e as mulheres foram informadas sobre resultado de exame e posteriores condutas. A amostra foi constituída por 29 mulheres.
Os profissionais lotados na UBS de Vicente Pires - DF expuseram as implicações da pandemia do novo coronavírus no âmbito do acompanhamento de usuários portadores de DM e/ou HAS, ressaltando a necessidade da elaboração de planos de ação para o retorno deste vínculo. A partir das legislações divulgadas pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Federal de Enfermagem, sugeriu-se o tele atendimento como ferramenta que vem de encontro ao novo contexto social. A estratégia incrementou o vínculo e a assistência deste público, identificando as necessidades e permitindo a atuação profissional baseada nas demandas do paciente como de sua família. Com o avançar da implementação foi possível perceber que tanto o tele atendimento quanto o tele monitoramento são atividades assistenciais que podem ser realizadas e ampliadas a outras demandas tais como: consulta de retorno para pacientes com exames complementares, ações de rastreamento do câncer do colo de útero, busca ativa de faltosos em tratamentos contínuos, como por exemplo tratamento para hanseníase, entre outros.
Teleconsulta Pandemias, Infecções por Coronavirus, Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus, Estratégia Saúde da Família.