Traçando uma breve linha do tempo, para melhor entendimento da propagação da COVID-19 no Brasil, em 26 de fevereiro de 2020 foi detectado o primeiro caso no país, um homem de 61 anos de São Paulo, com histórico de viagem para Itália. No dia 05 de março foi confirmado o primeiro caso na cidade do Rio de Janeiro. Em 11 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou seu estado de pandemia. Diante deste cenário, com rápida velocidade de propagação da doença, imediatamente o município de Niterói apresentou em 31 de janeiro de 2020, o Grupo de Resposta Rápida. Este desenvolveu um Plano de Contingência apresentando a sistematização das principais ações de saúde relacionados ao atendimento na Atenção Primária à Saúde (APS). No dia 07 de março de 2020, foi confirmado o primeiro caso no município de Niterói e a partir de 25 de março foi classificado na fase de transmissão comunitária do vírus. Exigindo-se respostas rápidas dos sistemas de saúde, foi importante a reorganização do fluxo de atendimento na APS e apoio da supervisão às equipes de saúde da família (eSF) no que tange gerenciamento de risco, necessidades de apoio logístico e operacional, educação permanente em saúde dos profissionais de saúde mapeamento de potencialidades e dificuldades de cada território vigilância em saúde, monitoramento dos casos sintomáticos, suporte aos grupos vulneráveis e garantia da continuidade do cuidados das demais linhas da APS.
Com isso, foi traçado como objetivos deste estudo: - Compreender os modos de reorganização da APS para o enfrentamento da COVID-19 do município de Niterói - Conhecer o apoio matricial da Supervisão do Programa Médico de Família no processo de trabalho das equipes de saúde da família.
Tipo de Estudo: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa. Local do estudo: O município de Niterói, pertence à Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, com uma população estimada de aproximadamente 515.317 habitantes. Em 1992 foi implantado o Programa Médico de Família de Niterói (PMFN), vinculado à Fundação Municipal de Saúde através da Vice-Presidente de Atenção Coletiva Ambulatorial e de Família (VIPACAF). A VIPACAF é responsável pelas unidades de saúde Módulos de Médicos de Família (MMF) que apresenta seu território subdividido em setores. Cada setor é responsabilidade de uma equipe de saúde da família, formada por um médico, um enfermeiro, um técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde. O PMFN subdivide em cinco regionais, sendo elas: Norte 1, Norte 2, Pendotiba, Praias da Baía e Oceânica. A Coordenação da Regional de Saúde é formada por um coordenador de área, uma supervisão multiprofissional, composta pelos seguintes profissionais: pediatra, clínico geral, ginecologista, enfermeiro, assistente social, psicólogo e um sanitarista. Coleta de dados: O estudo foi realizado através da pesquisa documental de relatórios e documentos técnicos e oficiais divulgados no período de março até setembro de 2020, além da experiência da autora, atuante no contexto do enfretamento da pandemia, agregando também uma compreensão dos desafios.
Principais resultados no enfretamento da pandemia: As primeiras ações de saúde foi distribuição de kits de limpeza, máscaras de tecido e folhetos informativos em cada domicílio pelas eSF. Realização pela supervisão de enfermagem, por meio da plataforma Google Meet, capacitação dos enfermeiros para coleta de swab nasofaríngeo e uso correto de Equipamento de Proteção Individual (EPI). Treinamento in loco para todos os agentes comunitários de saúde para identificação de casos suspeito de Síndrome Gripal no território. Treinamento das supervisões de clínica médica, de enfermagem e coletiva pela Organização Humanitária Médico Sem Fronteira com a finalidade de institui-los como multiplicadores. Realização de testes rápidos dos sintomáticos respiratórios e contactantes pelo profissional enfermeiro de cada unidade. Importante ressaltar a parceira com o Dados do Bem, identificando possíveis casos positivos através do aplicativo. Reorganização do fluxo de atendimento, junto com a supervisão, delimitando uma área para atendimento do sintomático. Todo sintomático respiratório é inserido na planilha de registro de acompanhamento de casos do google docs e monitorado diariamente na presença de comorbidades. Situações de vulnerabilidades com confirmação de infecção pelo novo coronavírus eram discutidos com a supervisão, e impossibilitados na realização de isolamento domiciliar, era encaminhado para Centro de Quarentena Assistida. Sanitização das unidades de saúde e seus territórios.
O desenvolvimento de ações integradas foram fundamentais para a identificação precoce de casos sintomáticos pelas equipes de saúde da família, que com o manejo adequado puderam impactar positivamente nas respostas com redução de danos e óbitos, conforme aponta o gráfico da Regional Praias da Baia, onde foi detectado o primeiro caso confirmado e obteve maior número de sintomáticos respiratórios. Até 25/09/2020, o Painel COVID, aponta que no Brasil temos 4.694.702 casos confirmados com 87,94% de recuperados e 3% de óbitos. No estado do Rio de Janeiro, 259.888 casos confirmados com 91,05% de recuperados e 7% de óbitos e no município de Niterói 10185 casos confirmados e 3,5% de óbitos. A partir dessas experiências bem-sucedidas, pode-se concluir que a APS, apesar de todas as dificuldades diante a crise sanitária, política, econômica e social, é a capilaridade de todo o sistema de saúde, e têm mostrado sua força, resiliência e vigilância nos diversos contextos.
COVID, Atenção Primária à Saúde, Saúde da Família, Apoio Matricial.