A pandemia pelo novo corona vírus trouxe um impacto global para toda população do mundo e afetou consideravelmente toda a saúde, inclusive dos profissionais de saúde que embora com a função de juramento de cuidar do outro, sentiram-se ameaçados, expostos e extremamente vulneráveis diante da situação O principal foco de atenção de gestores e profissionais de saúde, é combater o agente patogênico, entretanto, os efeitos sobre a saúde mental podem ser negligenciados acarretando em processos de trabalho estressantes, conflitantes, geradores de angustia, ansiedade e medos. Analisando este cenário de fragilidade das equipes da atenção básica, o Núcleo de Educação Permanente Saúde e Humanização (NESPSH), comprometido em apoiar os processos de trabalho dessas equipes, e impedidos de ofertar espaços de reuniões e acolhida, devido ao isolamento social, disponibilizou os florais de Bach como recurso de práticas complementares em saúde para cuidar de questões emocionais (medo, pânico, impaciência) provocadas pelo contexto da pandemia aos trabalhadores do SUS. De acordo com o Instituto Dr. Edward Bach a essência floral do recue ajuda nos momentos de mal-estar, as três indicações básicas são: sofrimentos agudos e emergenciais, sofrimentos antecipatórios e sofrimentos crônicos. O recue não substitui o cuidado médico e nem terapias, é considerado um aliado complementar nos processos de saúde.
Auxiliar, acolher e apoiar as equipes da Atenção Básica em tempos de pandemia, almejando aliviar as consequências prejudiciais para a saúde mental dos funcionários do SUS.
A integrante do NEPSH, com formação em terapia florais e conhecedora dos benefícios desta prática para a saúde mental, fez contato com uma farmácia de manipulação da cidade. Para a farmacêutica explicou a condição estressante e emergente vivenciada pelas equipes no combate a pandemia e verificou a possibilidade da farmácia junto aos distribuidores dos florais fornecer frascos do rescue como parceria, cortesia, na tentativa de somar esforços para auxiliar os profissionais de saúde da AB do município. Após a disponibilização dos frascos pela farmácia, a integrante do NESPH junto com a farmacêutica produziu um vídeo com explicações e orientações sobre a iniciativa. O vídeo foi compartilhado com a coordenação da Atenção Básica para conhecimento e esclarecimento da proposta. Outro recurso utilizado para divulgar a proposta foi o encaminhamento de e-mail do NEPSH á todas as supervisoras das UBS e contato telefônico para saber do interesse em oferecer essa alternativa de ajuda para sua equipe de trabalho. Foram contactadas doze unidades básicas de saúde. As unidades interessadas receberam a visita da integrante do NESPH e respeitando o distanciamento social, a supervisora e o quadro de funcionários foram orientados sobre como utilizar o frasco. Após o termino do frasco, período aproximado de 1 mês e meio, os funcionários que utilizaram o floral foram convidados a responder duas perguntas no anonimato.
Não houve uma participação sistemática e constante por parte dos funcionários, muitos que se mostraram interessados, não chegaram a fazer a proposta de acordo com a orientação sugerida, outros se esqueceram de tomar ou não fizeram com frequência, como vemos nos relatos: “ Não tenho utilizado todos os dias, mas percebo que fico mais calma nos dias que uso” “ vou dizer a verdade, usei o floral poucas vezes, mas acredito que trouxe melhoras por essas poucas vezes” “Eu tomei durante 2 semanas e depois parei. No geral as respostas as duas perguntas formuladas demostraram um resultado positivo na saúde mental das funcionárias, como observamos pelos relatos na resposta a pergunta , mudanças provocadas pelo floral; “Talvez o único ponto que eu senti foi em relação ao foco e concentração no trabalho.” “melhora da ansiedade, sono mais relaxante” “O floral me ajudou: me senti mais calma, mais serena. Se foi placebo, foi ótimo, assim mesmo.” No primeiro dia, senti até uma sonolência incomum, para mim. As melhoras provocadas no trabalho podem ser observadas nos relatos a seguir: “creio que tenha ajudado porque estava menos tensa e enfrentei melhor as situações de estresse.” “Me ajuda no trabalho pela serenidade que me proporcionou e que muito necessito.” “Devido a ficar mais tranquila, melhorou no trabalho também.”
O apoio as equipes da Atenção Básica constituem um dos objetivos da educação Permanente saúde e humanização e precisa compor estratégias de políticas públicas A articulação de processos de educação permanente em saúde, contemplando diferentes temáticas, estabelecimento de parcerias e vinculação com outros setores é uma ação frequentemente exigida do articulador de educação permanente e apoiador da humanização. Em virtude da pandemia, articuladores e apoiadores, impossibilitados de estarem próximos das equipes, devido ao isolamento social, tiveram que se reinventar e criar outras formas de atuação. Articuladores de Educação Permanente e apoiadores em sua função reflexiva e percebendo os desequilíbrios da saúde mental, provocados pela pandemia, encontraram nas práticas integrativas de saúde, uma alternativa para amparar os profissionais de saúde, entendendo os princípios da Política Nacional de Humanização, que para cuidar é necessário estar cuidado.
Educação Permanente em Saúde, Apoio Institucional, Política Nacional de Humanização, Práticas Complementares, Saúde Mental, Atenção Básica.