O PET-Saúde - Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - é uma estratégia política dos Ministérios da Saúde (MS) e da Educação (MEC) que se consolidou na Secretaria Geral de Educação pelo Trabalho para Saúde (SGTES). Tal secretaria busca fortalecer as ações de integração ensino-serviço-comunidade em diversas áreas da saúde, que no momento elegeu a educação interprofissional (EIP). A proposta do projeto é de abordar questões que fortaleçam a Atenção Primária à Saúde (APS). O PET-Saúde se organiza em grupos que envolvem estudantes da área da saúde, profissionais dos serviços (preceptores) e professores do ensino superior (tutores). O projeto vinculado à Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) em parceria com a Gerência Distrital Norte/Eixo-Baltazar (GD-NEB) da Secretaria Municipal de Porto Alegre - Rio Grande do Sul (RS) conta com grupos para o enfrentamento da pandemia do novo Coronavírus (SARS-CoV-2) que se espalhou mundialmente. Assim, o projeto se reorganizou para agregar esforços e contribuir, oportunizando as ações de vigilância remotamente na rede da APS da GD-NEB. Tais ações são potentes na linha de frente aos preceptores nas unidades de saúde pelos estudantes e tutores. Entende-se como uma valorosa prática na oferta de um cuidado continuado aos usuários com sintomas respiratórios suspeitos de infecção viral por COVID-19.
Relatar as ações do telemonitoramento realizadas aos usuários que foram atendidos na APS e receberam o diagnóstico de Infecção viral não especificada (CID B34.9). Ademais, na identificação precoce de casos com sinais e sintomas agravados pela exposição; bem como no fornecimento de informações e orientações de cuidados gerais, medidas de prevenção e de isolamento dos usuários e seus contatos.
Os alunos do projeto assumem os pacientes que são inseridos diariamente pela Gerência Distrital com informações cadastrados pelas Unidades de Saúde de referência. O sistema é composto por planilhas (capaz de localizar os usuários utilizando o número do Cartão Nacional de Saúde) e como forma de registro durante as conversações, utilizou-se um formulário GoogleForms® do Google Drive®, o qual contém as questões mínimas a serem abordadas em cada ligação telefônica. Esse processo possibilita a entrada automática dos registros no sistema desenvolvido no Google Drive® para armazenamento dessas informações, denominado Sistema de Informação e Registro do Telemonitoramento de Sintomáticos Respiratórios. Esse processo permite o compartilhamento dos dados entre todos os envolvidos de forma simultânea. Os dados são coletados em cada ligação, realizadas a cada 48 horas, via telefone, proporcionando uma escuta ativa e um cuidado longitudinal, atentando para sinais de agravamento. O contato com o paciente tem duração de 5-20 minutos, sendo mantidos durante o período recomendado de isolamento (14 dias), ou até o resultado negativo do exame. Esse pode ser encerrado também quando não há mais contato telefônico efetivo; recusou o monitoramento; hospitalização; ou óbito.
No primeiro mês, que compreendeu o telemonitoramento piloto realizado por nove alunos que assumiram três unidades de saúde da região, foi realizada abordagem de 120 usuários diagnosticados por infecção viral não especificada (CID B34.9), destes 89 (74,1%) foram acompanhados, e no decorrer foram confirmados 12 (10%) casos positivos. Foram realizadas 607 ligações, sendo 354 tentativas de estabelecer o contato e 253 efetivadas. Desde o mês de maio deste ano, três meses de telemonitoramento se passaram e, até o presente resumo, foram contabilizadas 2998 ligações e 550 usuários diagnosticados com covid-19, confirmados por exames laboratoriais.
A ação é fundamental para o enfrentamento da epidemia da COVID-19, pois proporciona a ação rápida dos profissionais junto à população que possivelmente tenha maior chance de agravamento e necessidade de cuidados mais intensos em locais de alta complexidade. Além de sanar as dúvidas dos usuários, reforçar as medidas de etiqueta respiratória e de isolamento social, bem como identificar familiares com a mesma sintomatologia precocemente. A vivência está sendo gratificante pelo aprendizado do trabalho colaborativo entre os estudantes e os profissionais de saúde que estão atuando na linha de frente da pandemia, o que evidencia a continuidade do cuidado para além da unidade de saúde. Além disso, amplia-se o conhecimento sobre a história e evolução da doença, na medida em que se confirmam os casos para infecção pelo coronavírus. O telemonitoramento otimizou a comunicação do usuário com os profissionais por intermédio dos alunos. Indubitavelmente, essa ação reduziu a circulação de usuários nas ruas, transportes públicos e unidades de saúde, devido a agilidade de discussão no grupo e dos encaminhamentos que são orientados ao usuário, dando-lhe autonomia, participação ativa no plano terapêutico e informações com bases científicas.
Telemonitoramento, covid-19, APS.