Neste atual período de pandemia, houve um aumento significativo na demanda de atendimentos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA), principalmente nos casos de emergências respiratórias relacionada ao Covid-19. Diante disto, necessitou-se de contratação de novos profissionais. Sendo estes, recém formados ou que atuavam em outra área.
O seguinte relato traz à tona a necessidade de treinamentos dos profissionais, no que tange ao manejo da ventilação mecânica no contexto de pronto atendimento. Pois as alterações da mecânica ventilatória e o elevado índice de transmissibilidade nesses pacientes necessitam de ajustes mais criteriosos e individualizados.
Devido à necessidade de capacitar os profissionais, o Hospital do Coração (HCOR) em parceria com o PROADI-SUS implantou o projeto Missão Covid-19. O público alvo consiste nos profissionais médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem, e ocorreu no período de maio à junho de 2020. Foram selecionadas duas fisioterapeutas da cidade, para serem as facilitadoras, juntamente com os residentes de fisioterapia do Programa Multiprofissional de Urgência/Emergência e UTI. Justifica-se a escolha do fisioterapeuta como facilitador pelo seu arcabouço que engloba saberes teórico-práticos refinados sobre as técnicas ventilatórias. Logo, é de suma importância frisar a importância do fisioterapeuta neste contexto, pois em detrimento aos outros Estados do Brasil, Rondônia não conta com fisioterapeutas no quadro de profissionais das UPA´s.
Narrar os treinamentos relacionados a ventilação mecânica ofertados a equipe multidisciplinar que está inserida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e apresentar a experiência de proporcionar momentos de aprendizagem e aperfeiçoamento durante a atual pandemia do vírus Sars-CoV-19 que estamos vivenciando.
O método que foi utilizado é de forma descritiva, na modalidade relato de experiência, sobre os treinamentos e capacitações, que acontecem nas UPA´S 24h, da cidade de Porto Velho/RO.
Os treinamentos contaram com um cronograma de 22 capacitações, em média de 5 encontros durante cada semana com duração média de 3h dentro do atual cenário da unidade, para que desta forma possa vir capacitar os profissionais no seu ambiente de prática.
Durante a divisão dos profissionais e residentes, fiz parte da equipe que atuou na UPA na Zona Leste. Foi orientado a equipe plantonista sobre a montagem dos ventiladores mecânicos, parâmetros iniciais para admissão, Parada Cardiorrespiratória (PCR), titulação da Pressão Expiratória ao final da Expiração (PEEP), intubação, cuidados para realizar a posição Prona.
O Hcor disponibilizou um link do aplicativo Zoom para que a equipe a qualquer momento entre em contato por chamada de vídeo com uma equipe médica para sanar suas dúvidas e traçar as melhores condutas para o manejo clínico de cada caso de forma individualizado. Logo no fim das atividades, foi realizada uma aula online no aplicativo Zoom, com o intuito de atingir o maior número de profissionais. Durante a aula, os profissionais puderam sanar suas dúvidas e ampliar seus conhecimentos sobre o manejo do paciente com COVID-19.
O projeto abrangeu a maioria dos profissionais lotados na UPA. Sendo estes antigos e outros contratados de caráter emergencial, por muitas vezes, recém formados ou que atuavam em outra área, se apresentando desta forma com pouca experiência.
Observou-se que o alto índice de contaminação pelos próprios funcionários da unidade, serviu como um fator limitante nos treinamentos, pois desencadeou uma redução no quadro de servidores.
De certo que, nesse período, a demanda de pacientes crescia de forma inversamente proporcional à disponibilidade de tempo dos servidores, o que mostrou-se como uma dificuldade para receber o treinamento. Outro fator determinante, é o manejo da ventilação mecânica, posto que, apesar de ser um recurso utilizado há vários anos, nota-se que a ausência de protocolos e de expertise por maioria dos profissionais inseridos na unidade dificulta a aplicabilidade de conduta com esses pacientes.
Contudo, o treinamento foi efetivo no sentido de que os profissionais mostraram-se mais envolvidos com todo o processo, desde a admissão, resolutividade ou até mesmo a transferência do paciente. Somado a isto, as práticas de segurança foram reforçadas, alcançando demandas que dizem respeito a organização. Além disso, durante os treinamentos houve a oportunidade para sanar dúvidas, praticar e interagir com os facilitadores. Tornando o manejo da ventilação mecânica mais acessível e prático, com o objetivo de proporcionar melhor manejo ventilatório ao paciente.
Por se tratar de uma patologia que se apresenta de diferentes formas quando refere-se a acometimento pulmonar, é necessário ter um domínio prévio e está atualizado nos mais recentes trabalhos científicos. A avaliação clínica e individualizada deve está acompanhada das evidências científicas, bem como a expertise, devem ser fatores cruciais, para que desta forma possa se proporcionar o melhor manejo ventilatório, colaborando para melhor desfecho clínico e menor número de óbitos causado por esta pandemia. As capacitações aconteceram em tempo oportuno, e abrangeu a maior parte dos profissionais. Por se tratar de treinamentos in loco, beira leito, sendo possível intervir na prática, facilitando o processo de ensino-aprendizagem.
EPIDEMIA, INFECÇÕES POR CORONAVÍRUS, RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL, FISIOTERAPIA.