Um país com dimensões continentais, rico em sua cultura, e com clima característico em cada região, tem orgulho de ter um sistema único de saúde que atende gratuitamente toda a população brasileira. Neste ano teve suas habilidades e competências colocadas em “xeque” com a disseminação do SARS-CoV-2. Os profissionais que compõe este imenso e complexo sistema tiveram suas habilidades desafiadas para em pouco tempo reorganizar o sistema de atendimento, suprir as necessidades recém-apresentadas, reformular praticas já estabelecidas. Tudo isso sem conhecimento prévio da evolução da doença, e sem tratamento definido. A pandemia de Covid-19 tornou-se uma emergência de saúde pública, fato declarado pela Organização Mundial da Saúde em março de 2020, sendo responsável até o momento por 3.013.902 casos confirmados e 100.546 mortes no Brasil (MS, 09/08/2020 as 11h16m). Com este panorama cabe a vigilância epidemiológica notificar, acompanhar cada paciente, para haja subsídios para análise das ações empregadas, porém sem protocolo claro e estabelecido como realizar isso de maneira eficiente? Este relato de experiência visa compartilhar as ações e soluções empregadas para fornecer um serviço de qualidade a população, além de garantir a notificação de maneira correta, garantido por consequência o acompanhamento deste caso, ele foi baseado na experiência da equipe composta por 1 enfermeira, 3 agentes comunitários de saúde, e teve início em 22 de março e se estende até o presente momento.
OBJETIVO: Compartilhar criação de um sistema articulado que inicia no diagnostico precoce, notificação correta, acompanhamento do suspeito, confirmação do caso, e monitoramento de cada paciente durante todo o período da doença até a alta. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Compartilhar experiência exitosa na criação de uma central de monitoramento de caso confirmado de Coronavirus. Dissertar sobre os acertos e erros da estratégia realizada; Descrever a importância do planejamento, estratégia e articulação no serviço de saúde.
A notificação é importante para que os gestores de saúde realizem o monitoramento e as ações recomendadas, como coleta adequada de amostras para diagnóstico. A COVID-19 é de notificação compulsória imediata, ou seja, qualquer caso suspeito e/ou confirmado precisa ser registrado no sistema oficial do Ministério da Saúde. ( São Paulo (Estado). Centro de Contingência 2020). No contexto municipal os números de casos aumentando significativamente, após a organização do fluxo de atendimento, foi necessário tomar medidas para garantir a notificação de todos os casos de síndrome gripal, a partir daí surgiu a necessidade de garantir que o paciente recebesse o resultado no menor tempo possível, e garantir o acompanhamento da evolução da doença, para que se houvesse avanço da doença, os sinais de alarme fossem detectados precocemente, com tempo hábil para manejar o paciente, evitando complicações e o óbito. Foi criado a “central de monitoramento de casos confirmados”. Esta Central recebe todos os resultados de exames, centralizando a devolutiva ao paciente do seu resultado. Os profissionais que foram alocados para esta central, tem por atividade, receber diariamente os resultados, e comunicar via telefone ao usuário, seja o resultado negativo ou positivo.
Foi criado um impresso (em Anexo), onde consta todas as informações necessárias para o monitoramento dos casos positivos, que deveriam ser acompanhados por um período de 14 dias a partir da notificação. Rotina de trabalho–o acesso aos exames a princípio, recebíamos impresso, sendo moroso o nosso acesso. Portanto houve a necessidade de acesso direto ao site do laboratório de apoio e os exames realizados pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL) chegam por e-mail através do GVE. Em posse dos exames, anotamos os dados cadastrais do paciente, iniciamos o contato para informar o resultado e passar as orientações. Pacientes hospitalizados realizamos o monitoramento através dos familiares, em dias alternados, até que o mesmo tenha alta. Em caso de resultado positivo, ao entrar em contato com o paciente solicitamos informações como, início dos sintomas, nome dos contactantes, estado de saúde, se necessita passar por uma consulta médica, se está com atestado e o termo de isolamento, se está em uso de medicações, se os familiares da casa estão com algum sintoma, informamos o período em que a família deverá permanecer em isolamento, e quais os cuidados necessários para enfrentar esse período. Todo o contato com o paciente anotado no prontuário eletrônico, há uma planilha (digitada) onde consta os pacientes Monitorados (positivos e negativos). O GVE criou uma planilha em parceria com a Central e a TI, simplificando a consulta de cada paciente notificado.
Os instrumentos criados poderão ser usados continuamente, mesmo após a pandemia. Percebemos a necessidade de manter dados dos pacientes atualizados. Outra situação verificada é em relação ao laboratório de apoio, devido à demora da liberação do resultado dos exames, e também aos erros de digitação como: nome errado, data de coleta errada entre outros, percebemos a necessidade de treinamento constante de pessoal e alinhamento dos objetivos. A devolutiva dos pacientes e seus familiares foi positiva, pois os mesmos manifestaram-se gratos, relatando alivio por receber informações num momento de insegurança, ficando mais tranquilos. Essa experiência nos permite concluir que, até o presente momento, o objetivo proposto foi e está sendo cumprido, pois conseguimos intervir precocemente, acompanhando a evolução e limitando a contaminação, visto que os mesmos recebem cuidados em casa, sendo orientados a permanecer em isolamento domiciliar e com restrição de contatos com pessoas e ambientes externos. Ao menor sinal de evolução da doença o paciente é encaminhado ao serviço de referencia para intervenção precoce.
COVID-19, ATENÇÃO BÁSICA, MONITORAMENTO, PANDEMIA