Do tupi-guarani “Barra Mansa”, o nome de Juruaia remete aos ares de uma típica cidade interiorana. Seu tamanho e elegância fazem jus ao carinhoso apelido de “a Princesinha de Minas Gerais”. Com pouco mais de 10.000 habitantes, o município sul mineiro protagoniza no cenário econômico nacional de lingerie, além de atender um fidelizado mercado internacional. O município também se destaca por contar com cobertura total do seu território pela atenção básica, o que é realizado por meio de duas unidades urbanas e três rurais. Já a assistência hospitalar e de emergência são realizadas pelo Hospital Monsenhor Genésio, uma entidade filantrópica. Contudo, em março de 2020, a Princesinha foi abalada pela pandemia de COVID-19, assim como o restante do Globo, e sua rede de assistência em saúde foi posta à prova, o que exigiu adaptações à nova demanda.
Objetivo geral: Estabelecer estratégias de enfrentamento à COVID-19, em Juruaia, MG. Objetivos específicos: 1. Reorganizar a gestão municipal para o enfrentamento à pandemia. 2. Mobilizar a comunidade para colaboração com o poder público e para o combate à COVID-19. 3. Adaptar e integrar a rede municipal de saúde, preservando os princípios do Sistema Único de Saúde – SUS. 4. Assistir ao paciente suspeito ou confirmado de COVID-19 de maneira holística e multiprofissional. 5. Colher e analisar dados epidemiológicos de maneira contínua. 6. Estabelecer comunicação com a comunidade e dar transparência às informações sobre o novo cenário e sobre a doença. 7. Instituir protocolos sanitários para as atividades econômicas e sua fiscalização. 8. Garantir a continuidade dos serviços da Estratégia de Saúde da Família (ESF).
Foi elaborado o Plano Municipal de Contingência à COVID-19 que estabeleceu medidas de reorganização da gestão municipal frente ao cenário de pandemia, prezando pela manutenção e qualidade dos serviços públicos e pela proteção dos recursos humanos. Assim, foram adotadas novas estratégias para o remanejamento de funcionários ociosos ou do grupo de risco e para o contingenciamento de gastos municipais. Também foi criado o Comitê Municipal de Enfrentamento à COVID-19, composto por onze membros, de diferentes esferas da comunidade, com a finalidade de orientar ações políticas, econômicas, administrativas e sociais. Ele inclui uma equipe técnica à qual cabe assessoria técnica e a preparação da ESF para receberem os casos suspeitos, sem detrimento para o atendimento às outras demandas, principalmente, de doenças crônicas, através de um fluxograma de atendimento padrão – que também estabeleceu o seguimento longitudinal de casos suspeitos e confirmados. Outro papel das ESFs foi o de registrar e monitorar trabalhadores rurais vindos, até mesmo, de outras regiões do país devido à colheita de café. Os dados e pacientes notificados são referenciados ao Centro Integrado de Combate ao SARS-Cov-2, que também coordena as ações da vigilância e das barreiras sanitárias, que visam a conscientização e educação da população. Para facilitar este processo, também foi criada uma Frente de Comunicação.
Neste contexto, originaram-se decretos municipais que regulamentavam atividades comerciais, compra de insumos e EPIs, funcionamento de transporte público e turístico e de escolas, além de medidas protetivas a serem tomadas pela população. Tudo isso considerando o momento epidemiológico diagnosticado pela equipe técnica. Ela também é responsável pela gerência do Centro Integrado de Combate ao SARS-Cov-2, uma unidade multiprofissional, e pela organização do fluxo assistencial do Município, além de sua conciliação com o Hospital Monsenhor Genésio – referência hospitalar e em emergência. Também houve integração com o Serviço Social, com a Vigilância em Saúde e com o NASF, a fim de atender a demanda dos pacientes suspeitos e confirmados de forma holística e de manter o programa de imunização e a assistência aos pacientes crônicos, de risco e em situação mais vulnerável. A equipe inclui uma psicóloga que realizada acolhimento psicológico e que auxilia no monitoramento dos casos suspeitos e confirmados, em busca de assegurar o bom seguimento dos pacientes e a assistência não só às suas demandas fisiológicas, mas também, às psíquicas. Algo que é reconhecido pelos próprios usuários que se sensibilizaram e, através de uma mobilização popular em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde, adquiriram um conjunto de equipamentos para suporte intensivo para o Hospital.
Tais ações devem ser continuamente avaliadas, sempre democraticamente, e adaptadas às mudanças de cenários epidemiológicos, com participação conjunta de diversos segmentos da comunidade. Isso reduziu a demanda no pronto socorro e garantiu a assistência multiprofissional a esses doentes na proteção de seus lares, por intermédio dos ACSs, cujo trabalho está cada vez mais intenso. Por fim, foi observado um momento de aceleração descontrolada em pico agudo, o que ratifica a eficácia das estratégias tomadas, as quais foram pré-selecionadas para o Prêmio APS Forte no Combate à Pandemia. Além disso, todas as medidas citadas continuam a ser empregadas, uma vez que há expectativa de uma segunda onda.
Juruaia; gestão em saúde; COVID-19.