O presente trabalho aborda as ações realizadas pelo município de Lapão-BA na organização e estruturação do Serviço de Saúde para o enfrentamento à pandemia pelo SARS CoV-2, com foco na vigilância da população, no que diz respeito ao monitoramento do deslocamento dos indivíduos que chegam ao município e necessitam permanecer em isolamento social e dos munícipes com suspeita ou confirmação da COVID-19, que permanecem em isolamento domiciliar
O município de Lapão localiza-se na região Chapada Diamantina, às margens da rodovia BA 432. A população (IBGE) é de 27.223 habitantes. Limita-se com os municípios de Irecê, Canarana, América Dourada, Ibititá e João Dourado. Possui uma população, predominantemente, de trabalhadores rurais, voltados para a agricultura irrigada e aposentados.
As discussões no município de Lapão iniciaram-se por ocasião da confirmação do primeiro caso de COVID-19 no estado da Bahia, ocorrido no município de Feira de Santana e o município identificou a necessidade de instituir as Barreiras Sanitárias nas entradas da cidade e iniciar o monitoramento por território, tendo como base, a vigilância através do Agente Comunitário de Saúde de, visto que o município possui 100 por cento de cobertura em seu território. Concomitantemente, o município verificou a necessidade de organizar “Equipes de Monitoramento Volantes” com a finalidade de fortalecer as medidas de proteção contra a COVID-19, monitorar, notificar e realizar manejo oportuno da doença no território.
Objetivo Geral:
● Organizar o Serviço de Saúde, afim de identificar precocemente os casos de COVD-19 e rastrear a cadeia epidemiológica.
Objetivos específicos:
● Monitorar circulação de pessoas suspeitas ou confirmadas com COVID-19 nos espaços coletivos, visando o controle da expansão de doença no território;
● Criar Fluxos de atendimento e encaminhamento de pacientes com COVID-19;
● Divulgar amplamente as medidas de proteção individuais e coletivas à população.
Com o intuito de vigiar os espaços do Território e a circulação de pessoas, identificando situações de vulnerabilidade, o município criou inicialmente, um grupo de informação rápida, através da ferramenta WhatsApp, entre os Agentes Comunitários de Saúde e a Sala de Situação, através do qual os ACS informavam a movimentação de pessoas no território, incluindo indivíduos vindos de áreas com transmissão local, assim como de sintomáticos respiratórios identificados durante a visita, o que inicialmente, mostrou-se bastante satisfatório. Em virtude do crescente volume de informação, fez-se necessário a criação de 06 Equipes Volantes de Monitoramento (01 profissional enfermeiro, 02 técnicos de enfermagem, 01 motorista e 01 guarda municipal), com veículo próprio. O município foi dividido em 06 territórios e as equipes atuam através das demandas que chegam à Base das Equipes de Monitoramento. Entre as ações desenvolvidas nos territórios, podemos citar: orientação inicial da necessidade do isolamento social e monitoramento dos indivíduos que chegaram de viagem; entrega do Termo de Isolamento Domiciliar e Guia do Isolamento Domiciliar ao paciente positivo e seus contatos e monitoramento dos mesmos; realização de testes diagnósticos quando necessário (TR e RT-PCR); investigar denúncias da população através do Disk Denúncia; realizar ações de Vigilância à Saúde do Trabalhador, principalmente nos galpões de produtos irrigados; realizar atividades de educação em saúde para a população.
Diante do inevitável aumento do número da casos de COVID-19 no território, o município optou por medidas que buscaram conhecer e acompanhar a trajetória da doença, visando reduzir a cadeia epidemiológica e a velocidade de transmissão da doença. Dessa forma, podemos enumerar os seguintes resultados alcançados, além de outros:
● Identificação precoce dos casos suspeitos e seu monitoramento, com vigilância mais efetiva do aparecimento dos sinais de gravidade da doença;
● Adoecimento gradativo proporcionou tempo para organização do o Sistema de Saúde do município;
● Oferta de testes diagnósticos em tempo oportuno, favorecendo a resposta do isolamento social;
● Proporcionou a possibilidade de um atendimento mais seguro do ponto de vista do profissional de saúde e da população sem sinais ou sintomas de COVID-19;
● Disseminação das medidas de proteção individual e coletiva à população;
● Contingenciamento da COVID-19 no município.
A trajetória do município no enfrentamento da COVI-19 produziu reflexões relevantes. Inicialmente, foi visualizada a importância do trabalho em parceria, notadamente com a sociedade civil organizada, com as instituições públicas de serviço e o comércio local. Foi percebido que o enfrentamento à pandemia transcendia os limites da saúde, principalmente no que diz respeito às medidas individuais e coletivas de proteção contra a COVID-19, uma vez que o convencimento da população, precisava de regras claras, para serem efetivamente cumpridas em prol do bem coletivo.
Ainda no campo das reflexões, ficou claro, que para enfrentamento de situações como a que estamos vivendo na pandemia pelo SARS CoV2, o Serviço de Saúde precisa cada vez mais, investir na corresponsabilização do indivíduo no processo saúde- doença. Normalmente, o senso comum acredita que o poder público é capaz de oferecer insumos e soluções que garantam a manutenção da saúde da população. Na construção da estratégia do município, as ações direcionaram o indivíduo a cumprir seu isolamento social, quando necessário, em benefício da coletividade, utilizando as equipes de monitoramento como instrumento de convencimento, induzindo-o a pensar e agir de forma responsável.
Palavras-chave: Coronavírus, COVID-19, Saúde Pública, monitoramento, SUS, Bahia, Lapão-BA.