No dia 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial de Saúde (OMS) foi alertada sobre vários casos de pneumonia, na China. Era uma nova cepa do vírus coronavírus que ainda não havia sido identificada em seres humanos. Em 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde declarou estado de emergência em saúde pública pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), após reconhecimento da pandemia da doença (COVID- 19), causando grande impacto sanitário, econômico e social em praticamente todos os países do mundo (OPAS, 2020). Com a pandemia da Covid-19, a atenção primária em saúde precisou passar por algumas alterações físicas, bem como de logística para adaptar-se a essa situação emergencial. Embora a preocupação de parcela considerável da população, bem como os holofotes de grande parte da mídia, tenha se dirigido a estruturação e garantia de acesso ao ambiente hospitalar, faz se necessário repensar a organização dos serviços de atenção primária à saúde (APS) no contexto da pandemia da Covid-19, uma vez que estudos apontam que 80% dos casos são leves ou moderados (DUNLOP, HOWE, ALLEN, 2020). Assim, mesmo com as mudanças trazidas pela COVID-19, a APS precisou garantir o acesso à saúde e uma cobertura da população do território de forma íntegra e equânime (BRASIL, 2020). O presente documento conta a experiência de Telemonitoramento dos pacientes COVID-19 atendidos na Unidade de Saúde da Família Barra do Jucu “Dona Gina”, localizada em Vila Velha.
Garantir a assistência e acompanhamento, no aspecto clínico e epidemiológico dos usuários diagnosticados com covid-19, utilizando a tecnologia a favor desse momento.
O projeto se desenhou a partir da necessidade do acompanhamento sistemático dos pacientes que apresentavam síndrome gripal, atendidos na estrutura da USF Barra do Jucu, e posteriormente se expandiu com o início do compartilhamento dos casos atendidos em outras unidades particulares ou de outras unidades do sistema SUS, que fazem parte da região adscrita da unidade de saúde, através de planilhas encaminhadas pela Secretaria Municipal da Saúde (SEMSA). Para o telemonitoramento a equipe envolvida utiliza o seu próprio número de telefone/whatsapp, podendo entrar em contato por mensagem de texto ou por ligação a depender das facilidades e dificuldades existentes no caso. O contato se estabelece de forma periódica com os pacientes suspeito ou confirmado para covid-19, podendo ser diário ou a cada 48 h, o período será determinado de acordo com gravidade e risco dos pacientes. *Pacientes considerados casos graves ou potencialmente graves –Monitoramento a cada 24 h, a partir do registro do caso até finalizar o tempo da doença de 14 dias ou mais, estando assintomático há 72 h. * Pacientes com sintomas leves e sem risco – Monitoramento a cada 48 h, a partir do registro do caso até finalizar o período o tempo da doença de 14dias. O registro do monitoramento para acompanhamento dos parâmetros clínicos e epidemiológicos é através de formulário próprio, seguindo as recomendações dos protocolos municipais e estaduais.
Em relação aos resultados e a grandiosidade alcançada com o telemonitoramento, até o momento, a USF Barra do Jucu “Dona Gina”, alcançou as premissas estabelecidas dentro dos quatro atributos essenciais da Atenção Primária, que é a coordenação do cuidado, ressignificando mais uma vez o cuidado centrado no paciente em toda sua longitudinalidade, de forma integral e equânime. Pensando na estrutura atual da USF Barra do Jucu “Dona Gina”, compor uma equipe de telemonitoramento qualificada, contribuiu positivamente no acompanhamento dos casos notificados, evitando a sobrecarga nos serviços de saúde, principalmente os de nível secundário e terciário, o que reflete no melhor atendimento àqueles que realmente necessitam da assistência institucionalizada. Dentre os desafios, encontramos alguns vieses devido à vulnerabilidade social da população adscrita à unidade, que por vezes impossibilitou o monitoramento devido à dificuldade do acesso a dispositivos eletrônicos, ou a impossibilidade do isolamento adequado devido às condições de moradias. Outro fator contribuinte que impossibilitou a captura de novos casos, foi a disponibilidade e estratégia de testagem.
o trabalho de acompanhamento através do telemonitoramento, tem contribuído de forma sine qua non à assistência e a oferta de informações com maior segurança e eficácia, sem necessariamente haver o comparecimento do indivíduo à unidade, evitando assim a contaminação e transmissão do novo coronavírus, bem como agravos decorrentes da doença que ainda é pouco conhecida.
Infecções por Coronavírus; Telemonitoramento; Continuidade de Assistência ao Paciente; Prioridades em Saúde; Atenção Primária à Saúde.