O isolamento e o distanciamento social são as principais recomendações das autoridades de saúde mundial, a fim de evitar a propagação da pandemia do novo coronavírus. Essas orientações fizeram com que muitos setores da sociedade precisassem se reinventar e têm ordenado cada vez mais a ressignificação da gestão. As medidas impostas provocaram mudanças no estilo de vida, incluindo o medo de ser contaminado, à impossibilidade do contato físico entre outros fatores. A situação acaba trazendo transtornos também à saúde mental da população, principalmente aos idosos, sendo esse o grupo mais vulnerável e a classe à qual é necessário mostrar mais solidariedade e atenção, pois tendem a permanecer mais isolados. Logo, é possível minimizar esses impactos através da visita domiciliar levando música, empatia, respeito, palavras de conforto e afeto. Como estratégia para solucionar a problemática surgiu a criação deste Projeto a partir da análise dessa população especifica e a necessidade de realizar a Campanha do Setembro Amarelo de maneira mais eficaz, assim combater a solidão e o desamparo dos idosos no Município de Irecê/Ba.
O objetivo geral é utilizar a música como estratégia de humanização com os idosos que estão em isolamento social e na maioria dos dias encontram-se sozinhos, assim minimizando os impactos da solidão experimentados por essa população vulnerável nessa pandemia, diluindo as dores internas e apreensões nesse ínterim. Os mecanismos são estimulados pela prática da visita domiciliar e a música, nesse mês de Campanha do Setembro Amarelo.
Inicialmente foi realizada reunião com a equipe coordenadora do projeto (CAPS, NASF e Educação Permanente do município), a secretária e a subsecretária de saúde do município de Irecê, para identificar a população mais vulnerável e assim montar e planificar as estratégias da Campanha do Setembro Amarelo. Em seguida, levantou-se o quantitativo de idosos existente no município através de uma solicitação a Atenção Básica, esses endereços foram previamente selecionados e toda terça-feira do mês de setembro no turno matutino realizamos visitas domiciliares com os profissionais do CAPS II – Dias Melhores de Irecê (Coordenadora, Psicóloga, Assistente Social, Oficineiro de música e Motorista) levando palavras de conforto, música, escuta qualificada e máscaras de tecido. A partir da terceira visita do mês foi incluso os usuários intensivos idosos do CAPS essa ação possibilitou a identificação do grau de solidão, ansiedade, medo transformando esses sentimentos negativos em algo categórico, depoimentos comoventes e revigorantes possibilitando elaborar estratégias junto a rede de apoio e minorando os impactos do isolamento e também a possibilidade de extensão desse projeto até o fim da pandemia.
Diante da fragilidade do idoso nessa pandemia o mesmo não espera que receba uma visita domiciliar, recheada de palavras de conforto e música, como abordagem terapêutica no processo curativo das dores da alma. O repertório escolhido pelos profissionais e também pelos idosos que faziam pedidos englobou músicas sertanejas, religiosas, serestas e MPB que possuem um significado especial para esse público porque dizem respeito às suas histórias de vida. Os idosos e os usuários intensivos do CAPS relataram sentimentos de emoção, alívio e alegria após as visitas e a serenata. Expressaram toda a felicidade do momento: “Esse dia ficará marcado na minha vida”, “A melhor coisa que me aconteceu durante muitos anos”, “Essa música me fez recordar os bons tempos”. Ao realizar as visitas e tocar as belas canções as emoções e pensamentos são tocados, fazendo reascender as lembranças do passado.
Partindo do pressuposto que os objetivos da visita domiciliar e da música ampliam-se para a melhoria da qualidade de vida do indivíduo e ao tempo que articula à inserção ao meio sociocultural, portanto contribui para tornar a sua relação com o ambiente mais significativa e participante. Os relatos dos idosos que foram visitados tiveram um papel muito importante no psicológico como alívio das emoções e alegria alcançando por elevar a autoestima. O projeto serviu como parâmetro para outras instituições de saúde que passou acontecer todas sextas-feiras com a execução da Serenata do Acolhimento e Afeto nas UBSF e UPA levando música a população que encontram-se enfermos, assim como instrumento fortalecedor em situação de fragilidade e vulnerabilidade.
MÚSICA, SETEMBRO AMARELO, SERENATA DO ACOLHIMENTO E AFETO, VISITA DOMICILIAR, IDOSO, CAPS, ISOLAMENTO SOCIAL.