Em 21 de Março de 2020 foi confirmado o primeiro caso de COVID-19 no estado de Rondônia, sendo um caso importado (alóctone). No dia posterior, através do decreto estadual nº 24.887, foi declarado estado de calamidade pública. Os órgãos públicos de saúde do município de Porto Velho, capital do Estado, começaram a organizar-se frente a pandemia instalada em outros lugares do Brasil e do mundo. O município de Porto Velho destaca-se por ser a capital brasileira com maior área territorial, estendendo-se por pouco mais de 34 mil km², sendo o mais populoso município fronteiriço do Brasil (PORTO VELHO 2020), com uma população estimada de 539.354 pessoas (IBGE, 2020), constituída com 13 distritos, e com um total de 38 Unidades de Saúde, sendo 19 na área Urbana, distribuídas por Zonas: Central, Sul, Leste e zona Norte, e 19 na área Rural, distribuídas em 13 distritos municipais (Porto Velho 2018). A Atenção Primária à Saúde (APS) é a porta de entrada para a população ao serviço público de saúde, através das Unidades Básicas de Saúde (UBS), que são subordinadas ao Departamento de Atenção Básica (DAB), o qual é responsável por gerir este nível de atenção à saúde. O Departamento de Vigilância em Saúde (DVS) está atuante na prevenção e surgimentos de doenças ou agravos, fornecendo orientação técnica para nortear as ações de vigilância, prevenção e controle aos serviços de saúde (BRASIL, 2009). E assim, os Departamentos participaram e desenvolveram ações para o enfrentamento ao COVID-19
Objetivos: 1-Realizar visitas técnicas às Unidades Básicas de Saúde/UBS do município de Porto Velho-RO, incluindo os distritos da área rural; 2- Orientar gerentes e profissionais das UBS quanto ao fluxo de atendimento frente a pandemia; 3-Capacitar profissionais sobre coleta de amostra para exame de RT-PCR; 4- Reestruturar a organização da ambiência diante do atendimento ao COVID-19.
Diante desta emergência de Saúde Pública, este município iniciou com reuniões entre Departamentos da Gestão para elaborar estratégias e planejar ações e assim, replicar informações a população e aos servidores para o enfrentamento ao COVID-19. Com isso, fez-se necessário a integração de profissionais do DAB e DVS e residentes da Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), agregando mais personagens importantes no desenvolvimento dessas atividades. Equipes foram às UBS e lá apresentavam os materiais produzidos, em roda de conversa, no ambiente maior da unidade ou na área externa da mesma. No planejamento utilizou-se como instrumentos norteadores os guias e protocolos Clínico e Epidemiológico do Ministério da Saúde (MS), bem como suas Publicações, para elaboração do Plano de Contingência Municipal, dos fluxogramas de Atendimento ao Usuário e ao Servidor, como a apresentação do serviço construído na zona urbana da Capital o “Call Center e CEM”, foi também organizado materiais, virtual e impressos, foi realizada capacitação prática quanto a coleta do exame swab-nasal bem como adequado armazenamento da amostra, além da entrega de Teste Rápido de Covid-19 nos distritos. As visitas técnicas ocorreram no período de abril a maio, na qual foram realizadas em todas as unidades da zona urbana e dos distritos, com carros oficiais, sendo no Baixo Rio Madeira via embarcação.
Nas visitas foram realizadas rodas de conversas com os profissionais, apresentação de fluxos, notas técnicas municipais, guias clínicos, epidemiológico, de paramentação e desparamentação, de EPI adequados, preparação da caixa térmica para armazenamento da amostra, entregue materiais impressos e digital salvos na área de trabalho dos computadores de cada unidade. Na zona urbana, verificou-se a organização dos atendimentos preconizados pelo MS e Secretaria Municipal de Saúde (SEMUSA), de forma a evitar aglomeração e cruzamento de pacientes sintomáticos respiratórios com demais usuários. Em algumas unidades os atendimentos ao usuário eram organizados através do acolhimento, para orientação de fluxo. Houve relatos dos profissionais de que a população não cumpria com as normas de isolamento social e uso de máscaras. Nos distritos, cerca de 170 servidores foram capacitados, a principal dificuldade enfrentada pela equipe foi a distância de deslocamento por via terrestre e fluvial, imposta pela extensão do Rio Madeira, sendo necessário o deslocamento por embarcação. No Baixo Rio Madeira, observou-se a dificuldade da presença do profissional médico inviabilizando o seguimento do manejo clínico da Covid-19, foi realizado a reorganização da ambiência, como distanciamento ideal entre as cadeiras, sala adequado para acolher o usuário com síndrome gripal, utilização adequada de EPI e limpeza da lancha a cada transporte de paciente.
Diante do exposto, muitas dificuldades foram encontradas, entre elas a restrição de atendimento, uso indevido do equipamento de proteção, bem como a distância de locomoção da equipe e a adversidade de reestruturação física associado a ausência do profissional médico na região do Baixo Madeira, o que tornam-se obstáculos para melhoria da qualidade no serviço. Sendo assim conclui-se que há necessidade de visitas técnicas e monitoramento nas Unidades, de forma sistemática e contínua, por parte dos Departamentos, visando interação e comunicação entre gestão e assistência, em especial diante de novas situações de Saúde Pública, capacitando, atualizando, orientando e reestruturando os serviços, de forma a tranquilizá-los nesse momento tão crítico para a humanidade. Utilizando como ferramenta a Educação Continuada e Permanente, objetivando melhorias nas condições laborais e consequentemente ao atendimento à população.
COVID-19, VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁSICA, FLUXOGRAMA.