Apresentação/
Introdução:
Apresentação/Introdução:
Este trabalho relata uma experiência exitosa obtida no município de Juruena – Mato Grosso. Relato de Caso: paciente M. R. P, sexo masculino, 60 anos de idade, deficiente visual. O mesmo deu entrada no processo de aquisição de medicamentos do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica, popularmente conhecido por muitos como Farmácia de Alto Custo. A prescrição do oftalmologista englobava o uso de 04 medicamentos, disponíveis na forma farmacêutica - soluções oftálmicas: Maleato de Timolol 0,5%; Tartarato de Brimonidinha 2mg/ml; Brimatoprosta 0,3mg/ml; Cloridrato de Dorzolamida 2%. Após o deferimento do processo de aquisição dos medicamentos e recebimento dos mesmos, nos deparamos com um questionamento, como promover a adesão deste paciente ao tratamento medicamentoso prescrito? Pois estávamos diante de um usuário idoso, que havia perdido a capacidade visual gradativamente no decorrer dos dois últimos anos, residia sozinho e não possuía um familiar que pudesse assumir essa responsabilidade. Por esse motivo o mesmo é assistido pelo Centro de Referencia de Assistência Social e Secretaria Municipal de Saúde do município de Juruena; desde o inicio de seus agravos de saúde.
Objetivos
Não basta fornecer o acesso ao medicamento, é preciso promover a adesão dos mesmos, para que o medicamento tenha o resultado esperado no tratamento do usuário. Sabe-se que deficientes visuais diariamente passam por situações que os limitam na proatividade de suas tarefas diárias. A indústria farmacêutica disponibiliza o braile em suas embalagens secundárias, porém a alfabetização em braile não é ainda uma realidade para maioria das pessoas com deficiência visual no Brasil, e se consideramos essa opção no grupo de idosos é a opção menos viável de acessibilidade. Acessibilidade nada mais é que tornar algo acessível.
Metodologia
Para promover uma atenção farmacêutica resolutiva, é preciso ouvir o usuário e identificar quais são suas necessidades. Nesse primeiro diálogo o usuário relatou que usava os colírios há um bom tempo, e que não tinha dificuldades na memorização da posologia, no manuseio dos frascos ou na aplicação os colírios. Mas se sentia inseguro e distinguir os frascos dos medicamentos, devido sua perda de visão. Foi então que surgiu a ideia de usar grãos de feijão, para ajuda-lo nessa identificação. A quantidade de grão de feijão na embalagem foi uma escolha do próprio usuário (para facilitar a memorização). Padronização: Sem grão de feijão - Maleato de Timolol 0,5% 1 grão e feijão - Tartarato de Brimonidinha 2mg/ml 2 grãos de feijão - Brimatoprosta 0,3mg/ml 3 grãos de feijão - Cloridrato de Dorzolamida 2% Para fixação dos grãos as embalagens só é preciso durex, cola-se de forma individual e bem firme. Esse processo é feito mensalmente, sempre que o medicamento chega a Farmácia Básica de Juruena.O grão do feijão, quando colado na embalagem do medicamento forma um alto relevo, e assim o usuário (deficiente visual), através do tato consegue identificar qual colírio está em suas mãos, através da padronização do nome do medicamento - quantidade de grão de feijões.
Resultados
Através desta metodologia aparentemente simples, conseguimos que o usuário o Sr. M. R. P conseguisse ser proativo em seu tratamento. Ao ver o usuário identificando qual medicamento está em suas mãos, através da quantidade de grãos que ele sente pelo tato, é gratificante, é como se ele estivesse lendo um braile criativo.
Conclusões
Para cada limitação existe uma adaptação, as vezes é preciso simplificar a informação, para que ela seja acessível a quem a recebe. Com um pouco de empatia e uma dose de criatividade, conseguimos obter um resultado positivo em saúde na vida deste usuário. E não só promovemos o acesso ao medicamento, mas também conseguimos tornar a adesão acessível de forma simples e sistematizada.
Palavras-chave
Acessibilidade, Criatividade, Deficiente Visual, Grãos de Feijão.