Estamos vivenciando uma das maiores epidemias registrada no país nas últimas décadas, a COVID-19, doença causada pelo novo Coronavírus denominado SARS-CoV-2, a qual tem-se constituído em uma emergência de saúde pública mundial, com impactos nos diversos setores da sociedade e, principalmente, no setor saúde, demandando mobilização de diversos atores para o enfrentamento dessa epidemia. A partir dos primeiros casos notificados de COVID-19, no mês de março/2020, medidas foram adotadas para o enfrentamento e para o controle do processo epidêmico, entre essas medidas, recomendou-se a suspensão das atividades eletivas da atenção especializada ambulatorial. Foi necessário planejar a organização dos serviços em Porto Seguro-BA, integrado com atenção básica e vigilância em saúde, possibilitando garantir o início e continuidade do tratamento dos usuários novos, que fazem parte do grupo de risco de desenvolver SRAG pelo COVID-19 e os usuários com classificação de risco vermelha/urgente (Portaria municipal nº 016/2018). Nesse caminhar houve aspecto facilitador, a Portaria Municipal nº 016/2018 que institui os Parâmetros Assistenciais de Regulação do acesso da Rede de Serviços de Saúde municipais, após o usuário passar pelo acolhimento na UBS, tem sua necessidade identificada por cores, a Regulação municipal já tinha conhecimento da demanda classificada com a cor vermelha/urgente por especialidade. O processo de organização das atividades, foi organizado em duas fases
Objetivo Geral: Organizar Atenção Especializada ambulatorial durante a pandemia COVID-19, para garantir o tratamento de usuários novos, usuários que fazem parte do grupo de risco de desenvolver SRAG pelo COVID-19 e os usuários com classificação de risco vermelha/urgente em Porto Seguro-BA. Objetivos Específicos: 1. Elaborar plano de ação COVID-19 para Atenção Especializada ambulatorial; 2. Fortalecer a integração com equipes da Atenção Básica para implantar o atendimento especializado ambulatorial itinerante nas UBS; 3. Organizar o retorno das atividades especializadas ambulatoriais na Policlínica Municipal e centros médicos credenciados ao SUS, durante a pandemia pela COVID-19, de acordo com o cenário epidemiológico e seguindo as recomendações da ANVISA/MS/OMS/SESAB.
Reunião com a Regulação, Atenção Básica e Vigilância em Saúde para identificar os grupos prioritários: Gestantes de Alto Risco, Portadores de Tuberculose e Hanseníase, de IST/HIV/AIDS/Hepatites virais, de doenças crônicas, pacientes em hemodiálise, Glaucoma e oncologia. Os usuários classificados como vermelho/urgente, foram identificados por meio das informações dos Polos de marcação de consultas nas UBS. Elaborado plano de ação COVID-19, composto por duas fases, a primeira fase refere-se, as ações de continuidade da assistência com disponibilidade de consultas, exames laboratoriais/imagem e procedimentos; inserção dos médicos especialistas nas UBS atendendo de forma itinerante, levando em consideração, a estrutura física e até 20 atendimentos por turno com horários previamente agendados; os pacientes de hemodiálise foi fornecido mascaras, limpeza do transporte com álcool 70% e EPI para Técnica de enfermagem; pacientes em tratamento de Glaucoma, garantido a dispensação do colírio; pacientes de oncologia realizada a tele consulta pelo médico oncologista e assistente social do TFD. Os atendimentos em Fisioterapia, foi priorizado ortopedia e traumatologia nas Unidades de Reabilitação Municipal. A fase dois iniciada em julho de 2020, trata-se da retomada gradual das atividades de atenção especializada ambulatorial, para essa fase foi elaborada Portaria com orientações sobre o retorno das atividades de forma a evitar a entrada e disseminação do vírus nos serviços
O plano de ação possibilitou a organização da Atenção Especializada ambulatorial durante a pandemia COVID-19, com resultados positivos, devido aos grupos prioritários identificados não terem descontinuidade em seus tratamentos. A partir da oferta das principais especialidades que demandavam atendimentos com classificação de risco urgente nas UBS de forma itinerante, buscou-se uma abordagem mais territorializada, fortalecendo as equipes da Estratégia Saúde da Família. As especialidades descentralizadas para as UBS foram: Cardiologia, Ginecologia, Obstetrícia, Pediatria, Dermatologia, Endocrinologia, Cirurgião e Gastrenterologia. Referente a produção da Atenção especializada ambulatorial realizada no 1º e 2º quadrimestre, segundo dados do Sistema de Regulação (SISREG/2020) foram: Serviço Diagnóstico e Terapêutico (SDT): 105.193 exames/procedimentos; consultas especializadas: 27.364 consultas; Fisioterapia : 818 atendimentos; Exames laboratoriais: 131.193 exames. Referente a fase dois de retorno das atividades ambulatoriais observa-se um índice de absenteísmo da população de 19% e de 81% de comparecimento aos serviços de saúde, esse percentual de absenteísmo, revela que apesar de todos os cuidados e medidas adotadas nos serviços para prevenção de disseminação do COVID-19, algumas pessoas ainda não se sentem seguras em sair de casa.
O enfrentamento do COVID-19 foi e continua sendo um desafio, para todos os níveis de Atenção a Saúde no município, certamente, a organização das atividades da Atenção Especializada ambulatorial no contexto da pandemia alcançou os objetivos propostos de garantir a continuidade do cuidado, com impactos positivos para saúde da população. Quando surgiram os primeiros casos da doença, observava-se que o foco maior de atuação era para Rede de Urgência, posteriormente observou-se que a Atenção Primária é fundamental no processo da identificação, monitoramento e acompanhamento dos casos de COVID-19, porém a atenção secundária ambulatorial em Porto Seguro, avançou, com inovação no modo de organizar as ações de forma integrada com atenção básica e vigilância, com a descentralização dos médicos especialistas para as UBS , com a implantação da tele consulta para o acompanhamento médico e da assistente social para os pacientes de oncologia, entre outras ações propostas no plano de enfretamento da COVID-19. Mais do nunca precisamos trabalhar em rede, de forma integrada e regionalizada, buscando sempre fortalecer todos os níveis de atenção a saúde, mas, principalmente a atenção básica, por ser ordenadora da rede e coordenadora do cuidado.
Atenção Especializada, COVID-19, Continuidade de Tratamento