Diante do cenário de pandemia, os profissionais de saúde podem ser acometidos por sérios problemas de saúde mental relacionados ao estresse ocupacional somado ao risco e ao medo de adoecer. Para contemplar a temática deste estudo utilizou-se a metodologia ativa através do Arco de Charles Marguerez, como uma estratégia de ensino-aprendizagem para o desenvolvimento da problematização. Foi realizado na sala de parto da Maternidade Municipal Mãe Esperança, campo de atuação prática das residentes de enfermagem obstétrica durante o mês de maio de 2020. A amostra do estudo foi composta por profissionais da enfermagem (enfermeiros e técnicos de enfermagem) lotados no setor, que estavam de plantão entre os dias 25 e 29 de junho de 2020, que aceitaram participar do mesmo. Com o advento da pandemia causada pelo Covid-19, não só a saúde física ficou comprometida como também a saúde mental destes profissionais. Desta maneira a equipe precisa ser acolhida de uma forma diferenciada neste momento. Lidar com uma situação inesperada, que afetou o mundo todo como a pandemia, é lidar não só com a doença em si, acrescidos a gravidade da situação, questões de cunho pesssentimentos potencializados e internalizados neste momento ganham proporções maiores. Profissionais da saúde além da carga diária de trabalho que já contempla uma gama de estresse, nesse período tiveram que lidar ainda com uma carga emocional gigante em detrimento da pandemia.
3.1 OBJETIVO GERAL O presente estudo tem como objetivo identificar quais são as principais fontes potencias de pressão no trabalho que podem contribuir com estresse ocupacional da equipe de enfermagem da sala de parto de uma maternidade pública em época de pandemia pelo coronavírus. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Reconhecer a existência de sintomas físicos e psicológicos relacionado ao estresse ocupacional da equipe de enfermagem de uma sala de parto em época de pandemia pelo coronavírus; • Entender os desafios encarados durante a atuação profissional durante a pandemia; • Conhecer as formas que os profissionais utilizam para lidar com a situação da pandemia causada pelo coronavírus.
A coleta de dados aconteceu em 4 etapas: 1 – Observando a realidade: as residentes convidaram os participantes para rodas de conversas.. Logo após foi proposto e motivado que os participantes expressassem suas vivências, experiências, reações e desafios que estão enfrentando diante ao cenário de pandemia pelo novo coronavírus; 2 – Identificando pontos-chave: foi um momento de síntese, onde as facilitadoras elencaram as dificuldades e desafios relatados pelos participantes. Desta formas foi possível identificar os aspectos que precisavam ser conceituados para uma melhor compreensão do assunto; 3 – Teorização: Este foi o momento de abranger o problema e fazer com que os profissionais compreendessem não só através de suas experiências, mas sim com a utilização de bases teóricas. 4 - Identificando hipóteses de solução e aplicação a realidade: as mediadoras realizaram a leitura de um texto motivador e abordaram recomendações servem para vida e não apenas para esse cenário, para desenvolver a construção de novos conhecimentos e condutas visando a transformação da realidade observada.
Os profissionais de saúde estavam aparentemente esgotados, devido a longa jornada de trabalho por escalas desfalcadas devido muitos profissionais afastados por contaminação pelo novo coronavírus. Apresentaram medo de contaminação por pacientes assintomáticas, pois pacientes em trabalho de parto dificilmente conseguem ficar com máscaras, estão sempre próximas dos profissionais, não tendo como respeitar o distanciamento recomendado. Os participantes demonstraram muito medo de serem contaminados pelo vírus e de levarem a contaminação para seus familiares. Devido ao medo de contaminar familiares, relataram sentimento de solidão, saudade e tristeza por estarem longe das pessoas que mais amam na vida (filhos, mãe, sobrinhos, irmãos, dentre outros). Para lidar com a pandemia alguns profissionais relataram que preferem permanecer mais tempo no trabalho para evitar proximidade com a família.
Ser profissional atuante na área da saúde nem de longe é um trabalho fácil, comumente cercado de mazelas da própria profissão, estas pessoas lidam com uma gama de estresse num nível já bastante elevado, acrescido a isso neste ano uma pandemia. Os profissionais da área da saúde, mesmo aqueles que atuavam num nível de risco habitual, se viram diante de uma situação extremamente estressante, em que os riscos a saúde não estavam ligados somente aos pacientes, mas intimamente ligada a saúde particular de cada profissional. Na sala de parto da Maternidade Municipal, habitualmente acostumada ao cenário de nascimento e vida, profissionais passaram a enxergar focos de contaminação nos pacientes, a ambiguidade entre prestar assistência e o medo de se contaminar passaram a ser contemplados lado a lado. O medo de se contaminar e por vezes levar a doença para dentro de seus lares, fez com que muitos trabalhassem exaustivamente em jornadas de trabalhos maiores, a fim de evitar o retorno pra casa e uma possível contaminação daqueles que são entes queridos. Dar qualidade de serviço neste momento, é entender que a saúde mental destes profissionais, é fundamental, uma vez que corpo e mente fazem parte de um todo.
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